quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Caos radiante

Tantas cores vívidas, fotos de estrelas, sapatos de salto muito alto. Tantas portas que se abrem, botões de calça que arrebentam, flashes na minha cara pálida que não quer acordar. Meus dedos acabam queimados, pois preciso de tudo até o final, mas quando consigo, tenho que lidar com o cansaço profundo. Há uma letargia que não me larga e novos pesamentos com longa garantia. desde que te conheci, comecei a beber menos, e li diversos livros de história. Estudei as entrelinhas de todas as músicas de todos os intérpretes para encontrar o momento em que você mudou tudo em um mundo que não havia nem dado a luz a mim. Desde que aceitei minha facilidade para chegar onde quero, perdi o frio na barriga que me atingia quando eu abria minha caixa postal. Essa semana, estou até conseguindo dormir. o tempo passa e por fora tudo continua brilhando, mas dentro da minha cabeça há tanto lixo que eu não sei por onde começar. Não gosto quando entram para arrumar meu quarto, não gosto também de ficar no meio dessa bagunça patética. Quero correr, mas é de um lado pro outro, e se eu pensar bem, sempre fui assim. Poucos momentos realmente me deixaram de olhos fechados, ouvindo o som de uma respiração, rezando para que a luz do dia não tocasse a campainha sem aviso prévio. Minha vida mudou, parece que eu cresci, mas continuo com mania de perseguição e com uma nostalgia ridicula e sedutora. Nunca satisfeita, faço uma promessa. sempre irei esperar, mesmo que sem paciência, mesmo que por nada. pois com certeza quando a ficha cair, quando a infelicidade te incomodar de verdade, eu virei correndo para te dar um abraço doloroso de tão apertado. E quando esse abraço fizer com que nossos corpos queimem, já vai existir um bombeiro esperando na sacada do quarto de hotel. Mesmo assim pode ser que eu jogue minha vida pro alto, porque simplesmente vivo para me perder por aí. Uma vez, enquanto ainda estava hipnotizado, você me disse o mesmo.

mas será que alguém ainda fala a verdade?

sábado, 16 de agosto de 2008

Eu não quero mais ser o que era com você

Eu acho que não quero mais gostar de você. Gostar de você tem se tornado uma
tarefa difícil demais. Pode ser mesmo que minha falta de paciência tenha
vindo com o pacote do ascendente que nem eu sei qual é.
Já parei pra pensar na hipótese de que a vilã da história seja eu, mas você
sabe muito bem que é muito mais simples colocar a culpa em você. Em você que
é tão flexível, tão calmo, superior a tudo e que irá aceitar. E você
compreende agora porque eu cansei de gostar de você? A tua forma perfeita,
disciplina em tudo, suas atitudes tão bem planejadas e frases de efeito me
frustram. É como viver na sombra. É feito um pássaro pousado no Cristo
Redentor, ofuscado e sem aplausos. E não é só por não ter uma platéia. O
fato é que tudo que vem de você me deixa impotente, sem reação. Todos os
últimos farelos da minha história sobre ser bem resolvida foram varridos
pelas suas características modelo. Eu quero gritar com você, chamar você de
tudo, bater a porta do seu carro e não deixar você entrar, sem culpa
nenhuma! Eu quero não conseguir contar nos dedos os teus defeitos. A minha
ira é simplesmente você não me irritar. Por eu saber que eu vou sempre me
render. E nem que eu fizesse aulas particulares eu conseguiria chegar aos
teus pés. Nem passando anos e anos ao seu lado eu aprenderia tanto no que
diz respeito a valores. Tornou-se mais fácil seguir em frente sozinha a ter
que encarar toda essa sua beleza e boa educação.
Não quero mais me sentir a simples mortal que me sinto estando com você. Não
quero mais me punir por não ser tão boa. Não quero mais esse desequilíbrio.
Não quero mais te admirar tanto. Não quero mais ter certeza de todos os meus
defeitos.
Não quero mais gostar de você.