quarta-feira, 15 de julho de 2009

Fantasias

Olhe para mim, me diga o que você vê. me pinte de forma abstrata, deixe de fora meus traços e borre partes do meu rosto. mostre a imagem que eu não vejo, o que está fora de mim, o que nem o espelho é capaz de reproduzir. dê o nome que quiser e invente a era em que vivi. tragédia ou musa inspiradora, a escolha é sua. empilhe, exponha, faça o que quiser, mas faça. com toda urgência que o mundo permite. você sabe que não é só amor, querido. que pode levantar o interruptor. você sabe que provavelmente deveria ser, mas talvez deus tenha estragado tudo. ereção. esquentou no chuveiro, é um monumento no parque. é o pau de um rifle, uma memória no escuro. você tentou guardar segredo, mas agora o mundo vai saber. você tentou a perfeição.
as pessoas podiam fechar os olhos diante da grandeza, do assustador, da beleza, e podiam tapar os ouvidos diante da melodia ou de palavras sedutoras. mas não poderiam escapar ao aroma. pois o aroma é o irmão da respiração. como esta, ele penetra nas pessoas, elas não podem escapar-lhe caso queiram viver. e bem pra dentro delas é que vai o aroma, diretamente para o coração, distinguindo lá categoricamente entre atração e menosprezo, nojo e prazer, amor e ódio. quem dominasse os oderes dominaria o coração das pessoas. baile de máscaras, rostos de papel no desfile. baile de máscaras, esconda seu rosto para que o mundo nunca te encontre. baile de máscaras, cada rosto com uma sombra diferente. baile de máscaras, olhe em volta... há outra máscara atrás de você.

a princesa continua presa em sua torre.
o antigo cavaleiro perdeu sua luta.
bateu a cabeça, teve amnésia... já não sabe mais quem ela é.
próximo candidato?
o dragão continua soltando fogo.

As escuras

Cada um com um propósito, um diferente para cada um que entra pela
porta. Debaixo das luzes escuras, coloridas e enganosas, as pessoas
caminham como predadores à procura. Muitos confiantes, de cabeça
erguida, modelito impecável, razão na mira dos olhos. outros procuram
sem saber, desnorteados de sentido, caminhando por caminhar. há os
procuram tanto que se perdem, caminham viciados em uma imagem,
obsecados por suas vontades, presos em algo que chamam de liberdade.
há também os que encontram segurança em saber que não pertencem. de jeito ou maneira estão descobrindo, sem saber, enquanto se divertem
e gastam tempo, suas próprias identidades, em um lugar que não é suas
bolsas ou carteiras. vestidos para matar, vestidos para morrer,
vestidos por vestir; independente do traje, alguns decidem que ali vão
morar. já outros, decidem que precisam sair. e enquanto tem os que entram para lembrar, tem os que entram para esquecer. os que se escondem dessa maneira, sempre acordam com uma terrível ressaca ou um impiedoso down.