quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Um dia eu acordo pra vida. Amar é um voo suicida ...

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Esse Maneco é cheio de certezas maiúsculas. Tudo que não invento é falso. Mas as coisas me ampliaram para menos. E o melhor jeito que eu achei pra me conhecer foi fazendo o contrário. É preciso. Porque do lugar que estou já fui embora, uma vez que a inércia é meu ato principal. As coisas não querem mais ser vistas por pessoas razoáveis: elas desejam ser olhadas de azul. E eu sempre guardei nas palavras os meus desconcertos. Uso a palavra para compor os meus silêncios. Onde eu não estou, as palavras me acham. Lugar sem comportamento é o coração. Pois por pudor sou impuro. Mas para mim, poderoso é o que descobre as insignificâncias. (Manoel de Barros)

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Cada palavra deve ser conduzida com cuidado. Há um amor pela forma de expressão, um que se apega ao papel, à caneta... Um que admira os rabiscos em folhas amareladas. Mesmos as palavras soltas, desconexas, jogadas sem ordem em uma folha lhe parecem caras. De que resulta esse apego que lhe mantém presa a cadernos de histórias que lidas hoje não contam coisa alguma? Busca as referências pelo tempo, pela memória, pelas pessoas que conheceu... O que fica de cada uma dessas experiências são as vozes silenciosas presas no papel. Elas lhe trazem os sorrisos de volta. Elas lhe trazem um sono tranquilo. Mesmo quando constantemente a impedem de dormir. Certas vezes as vozes não lhe importam. O silêncio, ou o som baixo da caneta correndo pelo papel é o que é capaz de tranquilizar o seu dia.
Precisa de um reencontro. O que tem a fazer? Volta às antigas folhas de cadernos, agendas, datas marcadas, tantas as coisas que já passaram por ela. Vai à busca de quem foi pra tentar entender a confusão que a prende em cada novo dia. Como o tempo esperado a faz transformar os sentimentos. Como a paciência se esgota. Como as dúvidas vão penetrando tão forte. Como decide apagar tudo pra recomeçar. Pensa em queimar as folhas antigas. Pensa em construir uma pessoa nova. Mesmo nome, mesmo rosto, mesma voz. Mas seus silêncios mudam de significado. Suas frases perdem a clareza até que tenha, finalmente, coragem de falar com todas as letras o que a transformou.Parte cedo demais... de uma ou outra palavra, dessas que deveriam preencher frases longas cheias de explicações. Mas não consegue evitar e deixa o subtendido, deixa o que viria ser, completar a frase precipitadamente. Interrompe a voz do outro com uma respiração mais forte. Com o “não sei”, que deveria mas não conduz a nada. Não deixa o tempo ser natural, com medo das certezas. É mais fácil impregnar-se de dúvidas.

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Ao acaso

E me disseram que o tempo ensina... E eu passei a vida tentando me convencer disso. Mas ninguém diz como não ter medo... Como não me arrepender. Como seguir em frente. Ao mesmo tempo ninguém além de mim é capaz de entender... Nada que eu fale hoje pode me fazer entender. Tudo o que eu consigo fazer é ficar confusa. Preciso que alguém cuide um pouco de mim. Porque sozinha tem sido difícil... Como se continuar tivesse deixado de ser simples. De repente o que eu achei que precisava de coragem pra fazer tomou algum fôlego. De repente as coisas não parecem ter muito sentido. E as coisas não parecem estar a meu favor. Em um dia tudo cresceu aqui dentro, tudo começou a doer, a ferir o corpo com marcas que eu não provoquei. E eu nem sei o que veio pra doer tanto. Nem eu sei de que quero tanto fugir. Só tornei o dia insuportável e o tempo decidiu me abandonar. E todos esses sentimentos que começavam a fazer sentido se perderam outra vez. Não achei que alguma vez fosse incapaz de lidar com certas perdas, não achei que alguma vez fosse desejar tanto que o tempo passasse o mais rápido possível pra ver se esses sentimentos criam força pra passar também. Só estou com medo. Um medo que nunca senti. Nunca. Medo de que as coisas continuem iguais, medo de que independente de qualquer coisa eu só tenha que continuar [...]. Tem sido difícil, tem me sugado o sono e os sonhos. Tem criado sentimentos novos que achava que não existiam aqui. Tem me forçado a pensar em mim mesma. Tem me feito ver meu reflexo real. Aquele que não tinha coragem de mostrar, de admitir. Aquele que me entrega vulnerável, sem cuidado. Sem a proteção da primeira impressão. Não quis ser fácil de entender, aprendi a me esconder. Em cada uma das cuidadosas palavras que era capaz de falar em voz alta. Esse encontro com o reflexo me trouxe de novo pra mim. Estou só um pouco cansada. Quem sabe amanhã eu volte. Quem sabe amanhã tudo pareça melhor. E eu consiga voltar a acreditar que o tempo muda as coisas, que faz tudo passar. Por enquanto estou aqui despejando a vida, deixando tudo ainda mais em carne viva. Até ser capaz de me convencer.

domingo, 2 de setembro de 2012

Cazuza estava certo. O tempo não para. O tempo arrasta. O tempo devora. O tempo sufoca. O tempo agride. Mas o tempo também aumenta a saudade. O tempo não espera. O tempo tem pressa. O tempo transforma. O tempo melhora. Ou piora também. O tempo ensina. O tempo é impaciente. O tempo corre por si só. O tempo não planeja ninguém. O tempo amadurece. O tempo cresce. O tempo dói… mas cura também. O tempo supera. O tempo esquece. O tempo vai… mas não volta. O tempo não fica. O tempo sempre está de passagem. O tempo é ciência. O tempo é mistério. O tempo pode ser divertido, mas também pode ser tédio. O tempo é eterno. O tempo é indecifrável. O tempo é virtude. O tempo é maldade. O tempo passa. A vida acontece, mas a gente permanece!! Sábias palavras