segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Mal diz. Mal preenche o espaço que lhe deixo disponível. Talvez a minha resistência devesse se amplificar. Talvez deva exagerar nos meus limites. Talvez deva inteirar o mundo com as minhas confusões. As que se multiplicam com o passar lento dos segundos de espera. Em um curto intervalo de tempo se questiona, muda de direção, apanha os antigos sentidos que via nas relações desenvolvidas e joga num canto do quarto. Deixa lá. Guarda sem nenhum cuidado. Sufoca as palavras até onde perde controle. Prende às mãos a uma distância frágil . Não adiantam os tantos conselhos. Não adiantam os tantos cuidados. Uma parte sua prefere jogar-se em fogo cruzado. Prefere investir no salto, sem perspectivas, sem direções certas. Esse sempre foi o lado que via como o melhor da vida. As incertezas que lhe impulsionam, são sempre tão mais atraentes do que o planejamento de uma história que nem existe.

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Melhor é guardar essa saudade num canto. Deixar espaço, me afastar dela... Deixa em modo de espera, em descanso. Não adianta sussurrar em silêncio o quanto ela é inexplicável. Tem essa recorrência, essa coisa que tem medo de aproximar, de afastar.

domingo, 14 de outubro de 2012

Me olha

É com cuidado, com todo o cuidado. Ela pensa em cada palavra, planeja o tom de voz, a velocidade com que vai levando a conversa de um assunto trivial a uma confissão. Uma daquelas que estão explicitas. Fica imaginando o que faz alguém ser tão... tão inexplicavelmente... Como alguém é capaz de fingir... De omitir... tão bem. Já faz algum tempo que perdeu essa fragilidade. Já faz algum tempo que aprendeu a desocupar o coração, o que for, das paranoias que se infiltram sem perceber. Já faz algum tempo que ela aceitou que para algumas coisas ninguém amadurece o suficiente. Aprendeu a aceitar o ridículo em que algumas situações lhe colocam, aprendeu isso no momento em que não precisou ser melhor ou pior que qualquer outra pessoa. *** Quer voltar, seja pra que lugar for. Ela rasteja entre o sonho e a vida real. Fica esperando que alguma parte da vida se concretize. Não pode dizer que alguém a conhece. Não pode dizer que conhece alguém. Ela se limita a ficar parada, quieta num canto tentando observar detalhes à distância. Ela quer se ver no espelho, daqueles pequenos onde só se vê um pequeno recorte do rosto. Será que vale procurar tantos detalhes próprios? Ela quer se ver. Antes que qualquer um a veja.