Algo entre uma santa e uma pilantra. Quero uma emoção paralítica. O mundo me viu brigar, agora vai me ver dormir.
sexta-feira, 30 de novembro de 2012
Lavei o rosto depois da tormenta
Foi quando lembrar se tornou difícil
Não ver se torna opção agradável
sob a sombra de pensamentos prometedores
Sussurro meu pranto à teu pé do ouvido
Uma ladainha repaginada de algo não resolvido
quase uma súplica,
amargamente vestida de cinzas
em ferida pulgente.
Preferi me calar
e meu peito quase explodiu em mágua
envenenando corpo a fora
Todos esses dias no inferno me definem
Lá me encontrei e fiz carnaval
Espalhando verdades proibidas
à mentirosos de primeira viagem
Mágua é água parada
Apodrece,
É tempestade em copo dágua
enlouquece
quinta-feira, 29 de novembro de 2012
A foto
Ontem achei uma foto nossa
Dilacerada em quatro pedaços
Mas que nunca tive coragem de me desfazer
A única lembrança que guardo desse amor
Uma foto já amarelada
Borrada por todas as vezes que chorei
Borrada pela mancha que desse desamor
Peito vazio e sorriso desconcertado
Enquanto apreciava os fragmentos
Tentei por vezes juntar os hiatos
Compor mais uma vez aquela imagem
É triste quando um amor acaba
E nem naquela foto amarela
Eu me encaixo mais em você
Não reconheço a menina daquela lembrança
Somos agora um rascunho maldito do que passou
A imagem fica distorcida
E os espaços parecem maiors
É como um espectro disforme
Lágrimas densas deslizam pelo rosto
A tocar por mais uma vez o polaroid
A boca amarga e sinto uma imensa saudade
Me contento com os quatro pedaços
Da foto amarelada que não consigo mandar embora
Talvez o pedaço, meu pedaço mais bonito
segunda-feira, 5 de novembro de 2012
Sabe o que eu senti? Claro que não. As pessoas tem o hábito de ocupar-se em outras coisas quando os sentimentos fortes passam por elas. Sejam quais forem. No momento raro em que a reciprocidade completa acontece elas são felizes, quando não, se enchem de medos, inseguranças, superstições, angustias, cuidados, exageros... os maiores exageros possíveis.
Deixa o corpo transparecer as coisas que mais tenta esconder, deixa o sorriso expresso no rosto enquanto olha pra alguém, deixa os olhos brilharem, deixa o corpo contraído e quase vê o coração pular de dentro do peito, fazendo um som alto que todos devem ouvir.
Alguém olhou para aquele mundo dentro dela. Alguém percebeu. É o que quer. Que perceba, que se afaste, que acalme os seus dias estando o mais longe possível. Preciso da coragem alheia, porque eu aqui, sozinha, vou procurar sem querer ser procurada. Vou atrás tentando fugir. Encontrando passatempos diários, prazeres sigilosos, meio proibidos. Na conversa tranquila solto umas lágrimas pelo canto do olho. Deixo-a visível. Com o sonho cuidado, tão cuidado que não deve ser além disso.
Guardou toda a ingenuidade de momentos anteriores. A vida é uma só. Decidiu sugá-la, vivê-la sem seus medos. Para com esse cuidado de fingir que não sente. Para. Simplesmente. Deixa o corpo seguir o caminho só, sem pensar, deixando viver os desejos que esconde.
Não sei o que acontece com o tempo. Menos o que acontece comigo, parece que eu e o tempo vamos nos confundindo. Os sentimentos vão se misturando, SE AMPLIFICANDO. Aprendo a observar cada um dos detalhes alheios: do sorriso ao olhar, meu e do tempo. Uma esperança vai se enquadrando e preenchendo. Ou tornar algumas vontades mais fortes e de tanto querer, de tanto lembrar as coisas vão se diluindo, apagando... não! Bem que eu queria. Traçar um rascunho, uma linha cada vez mais leve e clara, que forma um circulo em torno deles. Pronto! Agora por minha conta e do tempo ? Já nem sei mais o que foi ontem ? E hoje ? Repito essa observação, que tenta ser profunda, dos detalhes alheios, do sorriso ao olhar. Somos muito diferentes. Não preciso de muito pra perceber isso. As imagens dos sorrisos e esse brilho constante no olhar, passam impressões distorcidas, vejo tudo aquilo que não é. Somos, definitivamente, diferentes e talvez, pro mundo inteiro devamos ficar longe. Fico atenta nas suas escolhas, esperando... junto com o tempo que espero que aprenda a curar e apagar tudo aquilo que não é.
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