sexta-feira, 11 de abril de 2008

Minha história




As vezes eu queria que a vida fosse como num filme. Um filme em preto em branco, daqueles antigos em que a película já esta bem gasta e piscam aquelas pequenas gotinhas que dão um efeito encantador. O preto e branco é realmente belo fotograficamente falando, porém é nas cores que se tem a exatidão da intensidade do momento.São tantas que perdemos de observar diariamente o arco-íris a nossa frente. "Geralmente as pessoas só param pra ver as cores do dia no começo ou no final de suas vidas.Olhando-se com cuidado veríamos o que passa a muito despecebido. Cores com gostos, cheiros e sensações diversas, as cores tem um papel fundamental. Como seria admirar o comecinho do dia em que a cor vai surgindo aos poucos tom sob tom, ou ainda como seria não poder ver como ele fica tão adorável ao corar de vergonha quando você fala que o ama. O essencial se perde as vezes em meio a tanta bobagem que insistimos em colocar como prioridade. Num filme é possível se fazer uma seleção das melhores cenas,de forma que tudo aquilo que não agradasse fosse descartado na edição. Quão bom seria se pudéssemos simplesmente cortar da nossa vida o que não queremos lembrar, aquele pensamento insistente que te martela. Em um filme as piores cenas não são mostradas de fato, nos piores momentos a câmera logo muda de foco, você sabe o que aconteceu, mas não precisa passar por aquilo, é como por um minuto sumir. Imagina só você poder passar bem rápido logo que soubesse que o próximo capítulo seria um desastre, bom seria passar por algumas situações correndo de fato. Os protagonistas, vilões e coadjuvantes são sempre bem definidos nos telões, assim você não corre o risco de se surpreender com jestos e atitudes de tantos, nos filmes a ameaça é bem clara. A mocinha é sempre a mais bonita entre as moças, meiguinha e sempre vítima, acaba sendo estrelada por aquela atriz gostosa que esteve na capa da playboy de março. O galã é tão belo quanto, sensível, sincero e apaixonado a um ponto que você se lamenta de não ter um em casa. As alguns casos além de galã é ainda herói, sempre salvando a mocinha em troca do beijo de agradecimento. Já os vilões, ah os vilões, esses tem minha admiração já que pra ser vilão tem que ter "cuca no lance". É manipulador, frio, calculista e o melhor ator do filme em questão, este faz o enredo inteiro ter sentido e a história tomar forma. O vilão em tese tenta destruir os planos dos protagonistas, mas acaba frustrado num manicômio ou morto em um acidente terrível. Aquela história de que tudo acaba bem e os malvados se dão mal, bom que fosse assim de verdade. Há também os coadjuvantes, que são aqueles intrometidos que no final deram certo as custas do principal, são meros papéis que por algum motivo ganharam destaque, mas nada capaz de apagar o brilho dos protagonistas. Mas no plano real tem muito coadjuvante que toma o papel principal funcionando como vilão e o pior coadjuvante nunca morre! A receita da vida é um pouco diferente, bom seria viver uma ficção assim. Com papéis fixos e específicos, sabendo quem é quem, a importância de cada um e quem sabe até prever seus atos, sem direito a surpresas que ferem.Logo o que seria de uma grande história sem alguém que se opuze-se contra ela, aí estão as cores lembra ? O vermelho da ira, o preto do luto, o amarelo daquele sinísmo característico e ainda assim o azul quando tudo fica bem. São nas contradições que enxergamos como tudo é tão bom e as vezes não nos damos conta. A produção de um filme é feita minunciosamente, de maneira que nada saia do plano arquitetado pelo roteirista. Cabe a ele decidir o rumo de sua história, se vai ser um drama, um romance, uma comédia ou aventura. O roterista decido os caminhos tomados em cada cena, se a mocinha beija o galã , mesmo depois dele ter feito algo imperdoável que possivelmente foi planejado pelo vilão. Contaríamos ainda com aquela trilha sonora para cada momento. Imagina só se pra todas as partes de terror viessem acompanhadas daquele BG específico que altomáticamente te remete medo, seria quase como um alerta, "Aí vem coisa". Melhor ainda, podera tocar aquela música ao fundo quando você está prestes a dar o beijo mais importante da sua vida.
Contudo o mais sensacional seria poder voltar, acho que todo mundo já sonhou com isso um dia. Rever o que foi feito de fora, aprender com os erros, não ter dito aquilo, não ter feito aquilo outro, não "valeu a pena o que eu passei", errar e corrigir voltando a cena inicial. Rebobinar o que foi passado e reecrever a cena como Co-Roteirista, e saindo dessa pretenção voltar a cena só porque ela merece ser vista outra vez, como alguns momentos que ficam para sempre em nossa mente. Quão bom seria como se de fato a vida fosse como um filme em que cada um fosse seu próprio roterista, nome do filme? Minha vida, dirigido por eu mesma, protagonizado pela mesma e contando com as ações dos vilões bem reais que existem de fato. Teríamos assim o controle remoto em nossas mãos, de forma que um simples apertar de botão terminasse tudo. Quão mais fácil seria. E que sem graça seria ter todo esse controle, visto que a vida é feita de um todo. Numa escala que vai do feliz ao depressivo numa fração de segundo. Da vida a única certeza garantida é sua convicção e o destino ? Bom eu ainda acredito que pra isso somos roteiristas sim. Então faça um bom trabalho pro seu filme estar nas mais belas telas e quem sabe até ganhar o Oscar. Não se contente em ser mais um lançamento de prateleira.