terça-feira, 4 de março de 2008

Eu te amo




Eu ouvi dizer que o melhor de nós são clichês. E logicamente eu assinei embaixo.Por mais que a gente costume criticar os clichês, sempre vamos de encontro a eles.Seja o amor, seja a arte, seja até a própria imaginação. Ou tu consegues pensar em algo que seja exatamente novo?Na intenção de impressionar quem gostamos utilizamos velhas poesias, canções já ouvidas, batidas e que fazem parte do repertório de consquista há muitos anos. " Eu sei que vou te amar, por toda minha vida... "Imitamos cenas de filmes, nos inspiramos em contos, nos livros.Praticamente tudo já foi pensado. A moda, por exemplo. Observe as vitrines hoje. São bolinhas, listras, nada que não nos arremese direto aos anos 60. Ou que seja, ao maleiro da tua mãe.E eu aposto minhas moedas, que nem por isso tu não irás dizer: "Nossa, a coleção dessa estação está linda. " E tu vais desejar aquele vestido vermelho com branco rodadinho e as pulseiras plásticas coloridas. Vai achar que a "nova" moda está toda criativa, bloqueando assim aquela parte do teu subconsciente que diz que as prateleiras das lojas hoje são cópias perfeitas do seu armário de ontem.A mesma coisa a música. Você não levará um susto se perceber um CD da Jovem Guarda em meio aos "Psy Trance" (independete de tu saberes que diabo seja esse cidadão de nome estranho, mas supõe que seja um bom músico devido a quantidade de discos que "ele" já lançou) do teu filho.Menos ainda pensará que voltou no tempo ao flagrar o mesmo fazendo uns passinho ridículos no meio da sala no ritmo de um yeah, yeah, yeah.Tu já te acostumou com essas retomadas. E particularmente acha tudo isso uma delícia.A moda é velha e conservou seu glamour. A jovem guarda fez sucesso e continua sendo apreciada.Para EU TE AMO a mesma conclusão. A frase aí não vai sair de moda. Ninguém dirá que amor hoje está mais que demodê. Seja ela em, francês, italiano ou inglês. O fato é inegável. Entra ano e sai ano, o amor está ali. Nas menores causas. No recado brega de batom escrito no espelho. Vestindo, despindo, soando, arrepiando, fazendo arte, história, dramas, sendo o único imortal e até matando.Não é mesmo uma questão de banalização. É combustível. É necessidade. Simplesmente não existe viver sem.O amor sem dúvida é o que há de melhor em nós. Em todos nós, acredite.

Casamento


Até houve algumas tentativas de minha parte. Faltam números para falar de todas as vezes em que engoli em seco os desaforos e atos que um dia desaprovei. Eu vi minha personalidade, um de meus únicos troféus, virar pó.E eu tenho certeza de que todas as culpas são minhas. Eu não quis desistir. Não aceitei a ideía de meio castelo ser desperdiçado. Fui só eu quem aceitou a condição de não ser a tua prioridade. Por menos avisos que tiveram pregados em paredes, você me deixou pistas desde o início de se seria assim. Você em seu mundo. Eu com minha fantasia de tudo perfeito. Você dizendo que me amava e eu fingindo que acreditava. Que as palavras bastavam.Foi mesmo o tempo que me cegou. E foi por comodidade que permaneci. Não a financeira que sustenta milhões de casamentos. Não por nossos filhos que precisam de um referencial. Não por ter o seu nome carimbado em minha identidade.Eu simplesmente transformei meu coração em um ser atrofiado. Sem ousadia e que se contenta em ouvir um eu te amo em datas festivas. Que não se importa mais em dormir com pés gelados e costas batendo em costas. Estou criando há anos um coração acomodado.A solidão e a idiferença tornaram-se com o tempo tão comum quanto a marca da aliança. Quanto minha solidão nas sextas-feiras.Paixão e entusiasmo foram esquecidos como a nossa casa de praia, que recebe aparos apenas nas temporadas. Um cotidiano foi nascendo para ser seguido 365 dias consecutivos. E as promessas, beijos trocados todos os finais de ano duram tanto quanto uma garrafa de champagne. E foi dessa forma, com nossos sorrisos de plástico e filhos bem educados que convencemos vizinhos e parentes de que somos um casal feliz. Que uma bela casa, uma conta bancária de saldo positivo e restaurante caros aos finais de semana, são o bastante para manter um casamento estável. E até você foi convencido pela teoria. Teve todos os seus sonos profundos durante esses anos que dormiu ao meu lado. Mas vocês estão mesmo certos ao relacionar tudo isso a estabilidade. Tola mesmo sou eu em perceber aos 40 anos que estabilidade não completa ninguém. Que tudo que você me deu foram supérfluos e não podiam me fazer feliz. Que esse casamento não me envolveu nem por um segundo e que falta fez o gosto do risco, do medo de perder e dos ciúmes bobos.O caos começou foi agora com amaturidade e não quando eu disse sim pra você em frente à um padre. E a culpa realmente é toda minha.

Certeza certa


Eu ainda te odeio.E isso só me faz pensar no quanto um sentimento é capaz de resistir.Eu ainda te odiar significa que nem por um dia eu deixei de pensar. Que o mais intenso dos meus sentimentos foi voltado a isso.Eu te odiei do momento em que sumistes daqui, até a hora em que voltasses a me procurar.E eu te odiei por me fazer sentir tanta a tua ausência.Eu odeio o modo irritante de como tiras o meu sono. O modo como me traz instabilidade em dias de calmaria.E eu odiei te perdoar, por uma, duas e até três vezes.Odiei não conseguir rasgar tuas fotos, apagar os teus recados .Odiei ainda mais precisar encarar a vida sem ti, dar passos cegos e até procurar outros olhares.Odeio ficar comparando pessoas a você e saber mesmo assim que ninguém fará comigo o que tu ainda fazes.Odeio ver o relógio parado durante tempos em que nos afastamos. Odeio saber que são 2:11 da manhã e saber que nessa hora eu sempre vou lembrar só de você. Ter provas reais de que o destino vive a brincar conosco.Ainda te odeio tanto.E te odeio porque sei que não percebes que te odiar é o mais visível traço de que ainda te tenho em mim. De forma íntima e inabalável.Eu te odeio por nunca ter conseguido te afogar das minhas memórias feitas minuciosamente pelos teus toques e trejeitos.Odeio o fato de só tu não entenderes e, mesmo assim, a forma automática chego até ti em busca de respostas.Odeio te conhecer tão mal e ainda saber que pra ti as coisas não são assim.Eu odeio ver os meus desejos sendo sufocados por prevenção, envoltos em dúvidas.Eu te odeio, por levar um segundo para entrar e eternidade para sair da minha vida.Eu odeio que seja você o dono da aquarela.Eu odeio o jeito que me envolves.Eu odeio te ver como solução.Eu odeio o atraso que me causas e a rapidez com que me esqueces.Eu odeio ter tanta certeza de que ainda te amo.

Espelho de mim



Talvez fosse pretensão minha achar que dominava tão bem a vida. Alguns dos meus melhores conceitos foram derrubados por ninguém menos do que a própria autora. Não me sinto tão forte e menos ainda completamente madura. O que de fato melhorou dentre os sentidos foi a visão. Eu vomitava valores mundo afora esquecendo dos meus mais importantes. Não basta pregar.Havia esquecido por um significante período que os meus mais valiosos tesouros estavam aqui, nos quartos ao lado, nos telhados mais próximos. A mira, por exemplo, andava péssima. Aquela história de direcionar “coisas” e ser devota “daquilo” que não merece. Já não brilhava mais. E por falar em brilho, eu também já fui estrela. Durante certo tempo foi bom ser uma estrela. Até que suguem toda sua luz é bom ser estrela. E como estrelas não choram, eu preferi volta a ser gente. Eu decidi mudar e ver de outra posição aquele mundo que eu já tinha visto. Eu resolvi pisar fundo nele. E mesmo um pouco perdida, acredito que esteja me saindo bem. Muitas coisas tornaram-se mais saudáveis e estáveis, principalmente em matéria de relacionamentos. O mundo real é o que me satisfaz. O contato, o olho no olho, um abraço, assistir o pôr do sol, um café forte pela manhã... Foram essas coisas tão aparentemente banais que criaram os meus melhores momentos. Não desmerecendo a eficiência dos protagonistas, é claro.Em outras vidas eu fui um pêndulo. Tradicionalmente, eu sei que agora tem dias que eu não vou sorrir e eu ainda sei que isso não é tão ruim. Neim sempre quem sempre ri está completo. O convívio excessivo com qualquer coisa me faz ter surtos terríveis. Seja com o controle remoto, seja o trabalho de todo dia, algum hábito , rotina nunca foi pra mim.Dá minha vida eu quero cada dia diferente. Como estar em todos os lugares, ler todos os livros, escutar todas as músicas e ter as mais diversas sençasões. Da minha vida eu quero tudo e agora eu tenho pressa. Pressa essa porque agora eu vi que nada é pra sempre e isso mesmo que contraditório, faz você refletir sobre algo certo que você precisa pra um curto espaço de tempo que seja.Durante boa parte do tempo eu vivo em harmonia com o passado. Em boa parte do tempo eu conto dias. Em boa parte do tempo eu desisto. E eu que nunca fui disso, eu sempre fui de desafios e competições e me divertia demais por ser assim. Acabei optando por parar no tempo pra descobrir quem eu sou , ou esperar que alguém me dê uma pista. Mas eu já sei que ao menos nunca fui de esperar. É emocionante começar o dia indo com sede ao pote, almejando o melhor. E o manual diz, não deseje só para si. Condição difícil essa, mas que conta bastante na rodada final.Como há 21 anos eu continuo sendo uma tola. E todo dia de manha eu dirijo ao som de música sempre em ordem diferente passando pelos mesmos lugares , buscando caminhos diferentes pra chegar a um mesmo ponto. Achar que certas coisas mudam é burrice. Há coisas que nunca mudam e ninguém vai me dizer o que fazer daqui pra frente. De uma forma significante, se falarmos em números, hoje eu confio em pouquíssimas pessoas. E não lamento por isso, por Deus! Eu confio em mim e isso talvez já bastasse. Porém eu sei, não somos auto-suficientes. E eu só posso dizer que balanço não seria uma palavra apropriada agora . Hoje eu aguardo, pacificamente aguardo que todos os clichês e frases feitas fassam sentido. Espero pra que o tempo realmente passe e espero que nada volte atrás. Quando desejo, posso pará-lo. Quando eu menos espero, ele já era. É só olhar para os lados, já é fim de ano. Os meus 365 dias que se vão deixando as mais visíveis marcas de aprendizado.

Tatuagem




Apesar de ser o grande tema de livros, poesias e depressões o amor não pode ser discutido.Pra ele não existem especialistas. Não depende de vivências e casos passados. Para o amor não existe imunidade.Durante toda a história da humanidade busca-se tal fórmula. Não seria pra menos, já que somente ele teve a força necessária para destruir reinados e formular guerras. Uma fórmula capaz de curar corações quebrados e de trazer os pés de volta ao chão. A retomada da razão.O amor é antagônico. Ele não mede sim neim não.O amor não tem posição. É um sentimento incapaz de carregar preconceitos. Mas mesmo assim o amor não é pra qualquer um. Ele sempre exigiu corações abertos e doação. Amor depende de entrega.Poderia ser aquela entrega a domicílio, onde o par perfeito era entregue na porta de casa com um laço vermelho na cabeça. Para outros casos, os de urgência e solidão, uma entrega express.E se o amor conseguisse ser um pouco superficial, ele estaria ali, na esquina para locação. "Os lançamentos deverão ser entregues em 24 horas."Porém nada é tão simples. E eu agradeço por não ser. Agradeças tu também por, lá no fundo, ter a certeza de que o amor ainda é um sentimento muito nobre.E sinceramente, procure perceber, é ele quem evita o fim dos dias. O amor de todas as áreas e expresso nas menores causas. Eu quero amar desse jeito pra sempre, mesmo sabendo , mesmo errando, mesmo acordando no meio da noite sem conseguir tirar essa idéia da cabeça. Eu quero amar pra sempre mesmo que isso me doa e me faça fazer as coisas mais insanas, eu quero amar pra sempre mesmo que isso seja um problema. Eu te amo, mas não te conheço e isso sempre bastou pra eu te amar até agora. E ainda que eu te ame vou te tirar de mim de todas as formas possíveis, e apagar tudo que foi escrito de amor. Esse amor vai sempre estar aqui de alguma forma, é aquela certeza certa que se tem de que o tempo não apaga tudo, mas consola o que não tem jeito. As palavras que foram escritas pra lembrar de você pra sempre agora simbolizam tudo que você é.

Eu deixei que ele me envolvesse...