quinta-feira, 6 de março de 2008

Pra você Pai

Agora que está tão próximo eu vejo, ainda como que em um filme de época desgastado. Eu vejo também como o ser humano é adaptável e sugestivo. "Dói no início, depois acostuma" A frase que soava absurda, foi aos poucos sendo incorporada e no final realmente estamos acostumados. Percebes como os tempos da colocação anterior estão confusos? Então eu acertei na hora de formular. Tempos confusos! De dúvidas, medos, lugares vazios, questionamentos, saudades, arrependimentos, espera, e esperança. E não teria como narrar, de nenhuma forma, os dias em que tu não estavas presente. Nem 3 olhares juntos irão te dizer. Nada disso alguém poderá contar. Nem aqueles que se ocuparam tão bem na função de especular, opinar e nunca estender uma mão. Lembra da menina de uniforme? Ela já é mulher. Não quer mais parecer menina, cresceu, não largou os tênis e agora vai ser professora. Já tem noção da situação, quando a convém da uma de "Alice" e vai continuar precisando de ti pra matar os insetos voadores. A mais velha, a miss simpatia, só aperfeiçoou valores. Não ganhou a mobilete, mas ganhou muita personalidade. Tem casa, carro, marido e muitos sapatos no armário. Acho que foi ela quem ocupou o lugar de homem quando fosses embora. E tu ainda vais precisar continuando dela pra ti fazer rir. Já aquela velha guerreira que te deu tchau naquele domingo, é ainda maior. Minha mãe. O olhar guarda um pouco de cansaço, talvez causado pela solidão, mas ela já nem fuma mais. Trocou o cigarro por força quando perdeu, sem desejar, o melhor amigo. Continua sendo o centro das atenções onde quer que vá e foi ela quem manteve as estruturas de tudo que vais ver por aqui. Sabe, ela não teve que exercer só o teu papel, não. Ter duas filhas mulheres e ainda geniosas como as tuas, pode servir como a penitência de um grande pecado , sem esquecer do caçula. Precisa-se ser mãe, pai, médico, psiquiatra, bruxa e as vezes até se fazer de morta. Mas ela sempre deu conta dos recados. Dos teus, dos meus, dos nossos. Sempre caminhou junto, foi tua cúmplice e aquela que te deu segurança na hora de partir. Tu sempre soubesses que estavamos nas mãos mais fortes desse mundo. Que ela era a garantia de que quando tu voltasses as duas meninas estariam bem educadas, fortes, coradas e com o famoso laço rosa de tule na cabeça. Mas será que foi essa certeza que te deixou demorar tanto então? Claro que não! Nunca culpamos os heróis. Nessa história injusta, em especial, todo o referencial de família, educação e persistência foi culpa dela. Que nos permitiu voar longe, sempre embaixo de sua capa. Que nos cedeu super-poderes para aguentar todas as malditas dificuldades que passamos. Não pense que por sempre nos ensinar a nos defender do mundo dava alguma coisa, acho que no fundo de tudo que você me ensinou não veio o manual "Como ter um pai", mas sim o General.E não pense que estou te apagando desse processo! Graças a ti todo mundo aqui tornou-se mais forte e certamente não há situação que nos derrube. O período serviu também pra mostrar que nós quatro, só temos a nós quatro. Casa-se com estranho mesmo, mas o estranho acaba se tornando o pai dos teus filhos, com genes iguais àqueles da tua maior riqueza e essa conexão é pra sempre. Minha mãe sempre disse: "haja o que houver, respeite sempre teu pai""teu pai é o melhor pai do mundo". E agora eu não sei ao certo se te amo tanto devido aos conselhos da minha mãe, ou se é porque me ensinou durante quase 16 anos da minha vida que medo não era coisa pra mim, quando monstros e ladrões moravam no meu quarto. Obrigado por ao invés de só me consolar, me ensinar a bater ou brincar com armas de fogo. Não sei se te acho realmente o melhor pai do mundo , ou porque nunca me deixasses faltar nada. Não que eu ache que telefonemas alternados na semana compensem a falta que tua figura fez bem na hora em que eu resolvi crescer, não. Mas o destino fez com que longos período tornem-se curtos pra mim. E no que diz respeito a proporção, vejo que os anos que temos pela frente somam muito mais . Tu vais estar nos anos dos meus filhos, no meu aniversário de anos de casada, quando eu pagar a 1ª parcela da minha casa própria, e tu vais estar no próximo algum dia... Eu não quero recuperar tempos perdidos, General ! Eu espero que agora possamos construir juntos novos tempos. Nós 4 e a certeza, nascida junto com muita saudade, de que somos invencíveis quando lutamos juntos. Tomara que tu te orgulhes do que hoje somos e que eu veja no teu semblante tudo aquilo que completa essa casa. Não como antigamente, mas como agora. Vai ser uma família só se legitíme depois de passar por certas situações, mesmo. Mas chega, acabaram as férias. Agora volta para o teu lugar...
Nos agradecimentos, brigado meu pai, por todos meus aniversários que você não foi e pelos super presentes militares, brigado meu pai por ensinar a me defender tão bem e aprender a manter uma boa distância das pessoas, brigada por eu ter crescido tão por mim. Acho que isso tudo me fortaleceu de verdade. Quem sou eu ? Eu falo muito porque silêncio me deixa constrangida, independente e autosuficiente, meu pai me criou pra ser assim, eu não desisto fácil e quanto mais difícil mais eu vô querer ganhar ... obrigado por eu ser quem eu sou hoje pai, isso tudo é culpa sua !

Príncipe




Eu andava tentando me preencher daquilo que só trazia vazio.Abastecendo-me do que desde o princípio eu sabia não fazer diferença alguma.Tudo porque me deixei convencer que era melhor um pássaro na mão do que dois voando. E por algum tempo eu fui me desvencilhando da carapuça de sonhadora.Deixando para trás o par de tênis surrado da cinderela, as meias coloridas da Alice e as tranças cheias de pontas duplas da Rapunzel. E pra quê?Pra rasgar uma identidade, adequar-se a menina que eu nunca quis ser...Eu hoje, talvez só nesse exato meio-dia de ontem, estou me lixando para os avais que não recebi!Lixando-me para todas essas malditas convenções que me mandam ser mais eu, ter mais amor próprio!Aqui é tanto amor que tem pra próprio, pra próximo, semelhante, inimigo, alheio e pra uma micareta toda.Desculpem- me os que não conseguem ver beleza na guerra! Mas eu prefiro tentar voar ao lado dos pássaros que estão no ar. Que me desafiam!Antes mesmo de começar a deleitar tais mãos e bocas, eu vou marcando o terreno do que nutre. Destroe também; mas eu já disse que sinto o prazer na luta. Eu gosto dessas marcas e cicatrizes que provam que eu vivi.E ninguém um dia poderá decifrar a minha próxima atitude. Eu sempre fui de extremos é verdade.Trabalho em favor do meu coração. Desse inefável coração! Que pediu para que eu jamais me conformasse com simples trocas de favores. Com amizade, simpatia e comodidade.Ele precisa de paixão para bombear todo o resto. E eu tô fazendo o que for preciso pelo frio na barriga.Puxa a mala lá de cima.Outra vez.