sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Ao acaso

E me disseram que o tempo ensina... E eu passei a vida tentando me convencer disso. Mas ninguém diz como não ter medo... Como não me arrepender. Como seguir em frente. Ao mesmo tempo ninguém além de mim é capaz de entender... Nada que eu fale hoje pode me fazer entender. Tudo o que eu consigo fazer é ficar confusa. Preciso que alguém cuide um pouco de mim. Porque sozinha tem sido difícil... Como se continuar tivesse deixado de ser simples. De repente o que eu achei que precisava de coragem pra fazer tomou algum fôlego. De repente as coisas não parecem ter muito sentido. E as coisas não parecem estar a meu favor. Em um dia tudo cresceu aqui dentro, tudo começou a doer, a ferir o corpo com marcas que eu não provoquei. E eu nem sei o que veio pra doer tanto. Nem eu sei de que quero tanto fugir. Só tornei o dia insuportável e o tempo decidiu me abandonar. E todos esses sentimentos que começavam a fazer sentido se perderam outra vez. Não achei que alguma vez fosse incapaz de lidar com certas perdas, não achei que alguma vez fosse desejar tanto que o tempo passasse o mais rápido possível pra ver se esses sentimentos criam força pra passar também. Só estou com medo. Um medo que nunca senti. Nunca. Medo de que as coisas continuem iguais, medo de que independente de qualquer coisa eu só tenha que continuar [...]. Tem sido difícil, tem me sugado o sono e os sonhos. Tem criado sentimentos novos que achava que não existiam aqui. Tem me forçado a pensar em mim mesma. Tem me feito ver meu reflexo real. Aquele que não tinha coragem de mostrar, de admitir. Aquele que me entrega vulnerável, sem cuidado. Sem a proteção da primeira impressão. Não quis ser fácil de entender, aprendi a me esconder. Em cada uma das cuidadosas palavras que era capaz de falar em voz alta. Esse encontro com o reflexo me trouxe de novo pra mim. Estou só um pouco cansada. Quem sabe amanhã eu volte. Quem sabe amanhã tudo pareça melhor. E eu consiga voltar a acreditar que o tempo muda as coisas, que faz tudo passar. Por enquanto estou aqui despejando a vida, deixando tudo ainda mais em carne viva. Até ser capaz de me convencer.