terça-feira, 24 de julho de 2012

Te encontrei

quando as pessoas se encontram eles nem sempre precisam falar. basta que se olhem. o olhar vai construindo a conversa aos poucos. eles brilham... quando se percebem diante um do outro. conversam pelo discurso não anunciado. aquele preenchido pelo toque acidental. pelo constrangimento de perceberem-se perto. a felicidade pode estar nesse encontro subliminar...naquele que ainda não aconteceu. no jeito calmo de levar a vida que paralisa outra. a lembrança sorri. pela imaginação dela, dele, dos dois... estranhos que esbarram em alguns dias. somos paranóicos com os sorrisos dos outros, como se fossem mais importantes que os nossos. ela torce pelos sonhos estranhos daquele que quer, por mais que mantenham longe. sorri sozinha entre quatro paredes. eles sentam um ao lado do outro na areia da praia. o sentimento mais forte silencia. não conseguem falar. não se tocam. não se olham. a presença guarda a perfeição do quadro construído em imaginações aleatórias. naquelas de toda noite.
Hoje o tempo não nos permite sorrir, a realidade do hoje desconstrói os conceitos, gritos altos já não entorpecem a multidão, vazia e repleta, de reflexos imperfeitos, o grito interno é inevitável, somos tão pequenos e queremos tanto, a morte é fato, e o término assim se fez, mas a brisa fresca do outono se aproxima, e trás com ela lembranças, ás vezes dói... ás vezes eu dou risada e ninguém percebe, hoje eu descobri, que máscaras não podem ludibriar tristezas, mas sinto que o meu sorriso mais doce está próximo, pois olho para o lado, e vejo o brilho dos olhos, daqueles que me querem bem, então talvez valha a pena, não por mim, nem por eles... mas por todos nós.
Pensamentos instantâneos, felicidade no controle remoto, eu nunca tive muito saco pra essa coisa de sentir medo, me arrisquei por mais de mil, até pelo que eu não quis, senti a loucura de perto, ora vamos, loucura e tédio são apenas palavras, sorte daqueles que sobrevivem com ignorância, são de fato mais felizes, felicidade é para os tolos, eu prefiro arder de amor, num mar de dor, eu nunca tive muito saco, pra ideologias baratas, religiões compradas e política industrializada, e tanto blá-blá-blá, tanta conversa fiada, que eu prefiro dormir a ficar acordada, nessa realidade subjetiva, nessa carne sofrida, sorte é a dos sem sentimentos, ás vezes eu preferia não sentir, o amor é o veneno mais doce, a poesia é a magia mais necessária, a vida então se faz fundamental, é um bem querer mais que querer mal.

Codificado

Veja além do meu reflexo no espelho. Repare nas mentiras da minha boca, setindo as verdades que meus olhos calam. Perceba então, que a vida não vale o preço da sorte. E saiba que eu dou tudo pra ter você aqui.

...

Intimidade

Do lado de dentro tenho guardado um pote secreto, fragmentos das cidades que morei. Mais fundo ainda, na prateleira da saudade, carrego com pureza os abraços sinceros que roubei. Sonhando vez ou outra com o dia de me sentir completa, de reunir todas as cores e sensações, de organizar os sentimentos por ordem alfabética, e sendo assim, talvez controlar a confusão que me causam. Vai chegar o dia em que olharei pro fim da estrada, e verei flores ao invés de luzes, as flores podem até me cegar, mas seu perfume ficará gravado em mim. Assim como todas as pessoas que passam pela minha existência, elas deixam um pouco de si, e levam partículas do meu eu jamais compreendido. Eis que viver não faz tanto sentido. Sinto falta do meu quebra-cabeça incompleto, tem dias que quero os segundos passem logo, e outros que a vida me espere, pois eu sempre paro pra arrumar o sapato.

Na roda

Todo dia, o dia todo. Gosto do ardor de ignorar o relógio, me sentindo liberta da bilheteria da vida. Olho pra roda-gigante, e ela continua a girar... as pessoas gritando, a mente suando. E eu sempre me sentindo distante, alheia. Aos poucos começo a entender que não faço parte. Recolho meus brinquedos e me tranco na casinha, com aquela sensação boba de não saber onde guardei a chave. E dessa vez as estrelas não existem, só um punhado de mentiras, das quais eu tento me convencer. E me pego ali, parada, segurando a carta que não vou entregar, com aquela sombra idiota nos olhos, em mais uma tentativa estúpida de fingir que faço parte da multidão

Eu não quero falar de amor

Tempestades passaram por mim, junto com esmaltes descascados, e um certo pouco do muito daquilo que eu não falo, o amor. Não que as frutas percam a serenidade. Vens e te derramas e me invades, molhada e suja todos os dias. Abro a gaveta e mais uma vez só vejo sonhos, não, eu não os organizo. Tiro a poeira das cortinas, e percebo que cada pó contém, e me calo. Na recusa indiscreta do teu suor com gosto de orvalho. Livros, não querem sentir o sol. Eu, sento na rua, com fome nua, sua. O Banheiro é abrigo para os dias cinza-ruins, a água amiguinha das lágrimas de querubim. Ilusória e desmedida, respiro-me louca e santa. Divina entre minhas negações, meu complexo desconexo. Pirações do amor não dito, quanto mais calada melhor a paixão. E me canso do amor inventado, quero amor quietinho, fugitivo, abandonado de razões, sem pretensões... E assim, pequenino, submerso, dure por toda a vida em prosa e verso.