sábado, 2 de junho de 2012

Mais tempo

Já estivemos lá fora num dia como esse. Já passamos horas olhando o movimento do céu. Já fomos quase uma pessoa só. O sol da manhã já entrou de leve pelas frestas da janela do nosso quarto. Já sentimos tantas coisas comuns até o dia em que esquecemos um do outro e deixamos a vida nos desgastar naturalmente. De vez em quando nossos rostos ainda se encontram, de vez em quando as imagens do dia nos lembram do que hoje parece tão distante. O que faz uma marca como essa cicatrizar? Se é que é desejo de algum de nós que cicatrize. Outro dia me peguei rodeada de algumas fotos, de algumas lembranças, rodeada dos dias vividos e de todos que imaginei. Daqueles possíveis reencontros tão desejados em algum momento que já não lembro quando. Me vi cercada de sentimentos que ainda não consegui afastar. E o que sinto agora? Vendo esses outros rostos que passam, ouvindo outras vozes, sentindo outras peles, o que ainda é possível preencher longe da memória? Lembro da sua mão segurando a minha, lembro dos seus olhos, das suas gírias, do rosto, das lágrimas e sorrisos, dos cuidados, dos ciúmes, do sentimento que nunca fomos capazes de nomear. Só passamos um tempo nos desejando perto um do outro. Só passamos um tempo distante das certezas. Só passamos um tempo juntos. E foi, e quando lembro ainda é, uma das saudades mais fortes. Éramos tão diferentes. Continuamos tão diferentes. Mas de alguma forma, mesmo com o tempo que dizem que faz curar, você ainda se mantêm em mim.

A arte do disfarce

O tumulto, contraditoriamente, é o que mantêm a minha ordem. Será que alguém ainda não percebeu isso? Se alguém espera facilidade por aqui, que mude de rumo. Tenho alguns caminhos expostos... Setas reluzentes com as dúvidas, receios, constrangimentos [ os de agora e os que ainda vão surgir]. Se estagnar é o pior defeito já encontrei minha hora de mudar. Ou melhor, de soltar as paranóias reclusas, deixá-las viverem sem mim, e correr. Abraçar o mundo [metaforicamente, claro] e entregar, de fato, a alma pra liberdade que eu fico proclamando aos quatro ventos.