domingo, 20 de julho de 2008

Felicidade absoluta



"Não tenho muito interesse pela felicidade. Queria ter vivido os anos 60, fazer tudo o que me interessava(não que eu não faça agora), passar um tempo na Índia e no Nepal, e poderia ter ficado por lá, nas drogas, se a felicidade me interessasse. moraria até hoje em Katmandu, meio pelada, com os macacos, passeando pelas lojas que vendem tudo o que alguém pode querer, em várias qualidades e quantidades, a preço de banana. Se quisesse a felicidade, por que não viver lá? Não é a felicidade que me interessa. O que me interessa é a vida, é a intensidade das experiências, boas e ruins. Se tiver que curtir uma dor porque morreu meu pai, ou meu cachorro, ou me separei de alguém que eu amava, é para chorar mesmo, e chorar pra valer, faz parte de sentir a experiência.
Fomos convencidos pela idéia de que o sofrimento não deve fazer parte de nossas vidas. Isso é um aspecto psiquicamente higienista. Uma espécie de intervenção médica em cima da nossa vida. É extremamente desagradável essa idéia de que o sofrimento seja considerado patológico, isso é uma loucura. Claro, é evidente, se alguém considera se matar porque perdeu o relógio, aí existe uma desproporção, mas a idéia de dizer: 'ah, morreu seu pai e eu vou medicá-lo para que você atravesse o luto corretamente' acho um absurdo, uma merda."