sábado, 24 de maio de 2008

Gotas de subversão


Me sinto uma diva decadente, com um cigarro barato na mão, mas sem o glamour do cinema, apenas com a loucura e podridão dos grandes gênios. Rodeada de pessoas que vivem a sombra do que não sou. Deitada no chão do banheiro, sinto a água percorrer meu corpo, as alucinações existem. Um súbito impulso de coragem e angústia me arrasta até o meu quarto, e nua eu me enxugo, com força, com muita força. Como se eu quisesse limpar minha alma. Me olho no espelho e tento reconhecer a jovem garotinha, mas só vejo uma mulher cansada da própria pele. Renasço sempre à procura da cura, mas os vícios dominam, e debruçada na mesa do bar, eu retoco o batom. Nesse momento é como se o mundo parasse, eu escutasse flautas, e só conseguisse pensar no toque brusco do vermelho ressecado. Volto a realidade, e quanto me dou conta, ao fundo eu te vejo passar, com a mesma camisa daquela sua banda favorita. E sei que por mais um dia, vou me sentir patética, pelo simples fato do seu gosto não sair de mim... É. Eu já não sou mais a mesma, e talvez esse "eu" nunca tenha existido.

Rock in roll


Felicidade pulsando em mim, num ziriguidum que salta aos olhos. Vejo tudo fazer sentido, compreendo verdades que sempre neguei, ora como sou voluntariosa! Mamãe tava certa de um jeito torto, é que a merda da minha rebeldia me cega vez ou outra. Vejo luzes, muitas! muitas! e todas elas vem de você. Ahhh, que dorzinha gostosa essa que sinto no fundo do peito, tanta coisa pra dizer, tantas sensações explodindo colorido. Será que alguém já explodiu de tanto sentimento? Creio que não. Mas do jeito que sou azarada, duvido nada, sabe como é mermão! Quero gritar meus belos ideais! quem sabe inventar a cura pra depressão, ter 3 filhos, mas isso só depois de entrar pro Greenpeace e mudar o mundo! Quem dera eu não ser tão setimentalzinha, né? quiçá tão "maluca beleza", me embolo toda com a enxurrada de pensamentos, que vem, que vão, e que nunca me pedem permissão pra porra nenhuma! Sou tão ligada a toque, que a minha alma teima em sentir falta da sua, mesmo quando minha cabeça diz pra ela que é cedo. Quero beijos apaixonados percorrendo meu corpo, quero que minhas idéias sosseguem na minha cachola. E quero de verdade mesmo, que eu nunca deixe de ser real! A tattoo mais Rock'n'roll de todos os tempos espera afoita pra minha pele ilustrar, yeaah! A cor do cabelo também anda louca de angustia pra se modificar. Sim, como boa moça eu já me "supermodernizei" faz tempo, baby! agora é esperar a vida se render aos meus encantos, e pé na estrada, uhuuuul!!!

Lápis de cor




Jogo com a sentimentalização. Sentimento. Mente. Ação. Não preciso mais de afetos, me completo e agrego na minha felicidade individual. Tantas pessoas especiais, e eu continuo com preguiça de amarrar o meu all star verde-limão. Vai, conduz minha vida liberté! Livrinha, soltinha, saltitante. A boneca de pano que é tantas e todas, pasme que isso ocorre no mesmo paradoxo entre a compreensão sensorial e os dilemas etílico-amorosos. Ei, quem foi que disse que a terra é azul? Ela é da cor que eu bailo mi vida. Para evoluir é preciso sangramento, entendimento. E eu já perdi sangue demais nessa guerra de deuses e mortais, onde o céu nunca é o limite. As idéias nunca são claras, porém mutáveis até onde eu insisto em dizer que estou certa. O mundo muda. Eu mudo. O mundo imundo.

Hoje mais que nunca as palavras tem sons, cheiros, e cores.

Não é que o tempo tem a manha



Eu que já me choquei contra esse muro tantas vezes, com a finalidade de destruí-lo, de me auto-destruir...
eu canseI de tantas escoriações, de hematomas profundos, de cicatrizes.
Cansei da máscara, de fingir, de dar vida a um personagem que definitivamente, não sou eu.
e tu irá se cansar disso tudo também. Cansar até mesmo de se divertir me assistindo sofrer.
Me submeto a rajadas de ventos, batidas de porta na cara, vários sonoros ‘nãos’ como resposta, olhares tortos, esbarrões no ombro.
por muito tempo, desejei que isso mudasse. Durante esse tempo eu quis uma redoma indestrutível, em que eu pudesse me tornar invulnerável. Diversas vezes eu gostaria de ser sido inabalável, desprovida de todo e qualquer sentimento, ser assim capaz de não demonstrar e/ou sentir emoção. Só para não ter que sentir o chão se abrir entre meus pés quando eu decidi partir.

Contando estrelas


Tem pessoas que são como estrelas cadentes. Aparecem, brilham, nos fazem bem, alimentam nossa alma e nossa vida e depois passam, continuando seu percurso. As vezes essa nossa mania de eternizar tudo acaba por tirar o encantamento das coisas mais bonitas. Há situações que por mais que no momento sejam dolorosas e de certa forma até seja conveniente evitá-las, após um tempo necessário adiquirimos força necessária pra ver a situação de fora. Então se vê que bobagem é fugir ou adiar esse sentimento de perda, logo que com as perdas se tem toda uma mudança no aparente contexto situado. Acontece que no fundo todos nós somos conformados em potencial e ter nossa paz abalada pelo inesperado causa uma instabilidade que nos fere de tal maneira que uma fuga é o mais apropriado a fazer para aquela lágrima não cair. Contudo não podemos fugir de tais experiências ou acasos, seria oportuno deixar acontecer, logo que a vida não passa de conhecimentos adquiridos com nossas " cicatrizes de combate". Há pessoas que preferem adquirir escaras, ou armaduras mesmo a grosso modo, achando que assim se matem seguras em seu mundo muito seu e fechado, fora do alcance de qualquer emprevisto ou ferida possível ou ainda aberta. Mas também há quem prefira viver de suas próprias escolhas munidas de instabilidade, isso é viver. Não saber o que te espera amanhã, a possibilidade de não dá certo, a empolgação em busca do sucesso. Controle é mesmo algo ambíguo, pra uns é necessário pra outros é desmedido. Contudo, há pessoas que passam em nossas vidas e mesmo que por um curto espaço de tempo deixam sua marca, de maneira direta ou indireta . É seu jeito de ficar eternizado. Você leva das situações só o que te fez bem, o que valeu a pena. De tudo eu levo o que foi bonito, isso que importa. Há essas estrelas cadentes você faz um único pedido, seja feliz, tanto quanto eu fui um dia com sua passagem. O resto fica o aprendizado pra não errar mais uma vez. Esteja onde estiver e como estiver, espero que feliz. Essa estrela cadente seguiu seu caminho e deixou sua história aqui guardadinha. Um dia eu também já fui estrela, mas como estrelas não podem chorar com sua constante partida, eu optei por ser Cometa. Os cometas ... bem aí é uma outra história que eu conto depois!

Pesar


.......................................................................................................................

Eu nunca gostei de balanças mesmo. Mas vem sendo impressionante a dificuldade que encontro em colocar as coisas nela. Aquele artifício bobinho e que às vezes até funcionava de colocar de um lado o que é bom e do outro o que é ruim. Daí o lado mais pesado se releva. Dependendo do resultado em quilos, você junta tudo. Pesou o que era bom? Segue o ritmo, continua a caminhada. Pesou o ruim? Joga tudo no lixo, aniquila, dá beijotchau.
É fácil na teoria. Difícil é quando os quilos são referentes às chateações ou prazeres. Quando as questões são de cunho emocional e o nome dessa feirinha maluca é a tua vida.
E todas as vezes que eu reuno os itens pra colocar no pratinho referente ao lado ruim, bate mais forte o lado esquerdo do peito e eu me vejo escondendo um monde de defeitos e problemas dentro da sacola. Sem nem ao menos pesar! E é um pesar mesmo. Porque a única que sai perdendo aqui sou eu. Levo pra casa um monte de coisas estragadas, podres e que todo mundo sabe que só presta se manter refrigerado. Tudo por medo! Presa a um passado que realmente foi lindo mas que está com o prazo de validade vencido. Que já não consegue alimentar sonhos, que deixa planos pra trás, desnutridos. Vou me enganando. Reconhecendo cada detalhe que provam que o fim é inevitável e passando por ele às cegas. È a promoção do leve 4 esponjas e ganhe um sabão em pedra. Não vale a pena mas você finge que está fazendo um grande negócio. Mostra para as vizinhas orgulhosa mas se pergunta o que vai fazer com tanta esponja ao guardar no armário.
No meu caso, o que difere é o armário vazio. Sem entusiasmo, largado ao pó e sem cuidados.

Me vejam 10 kg de coragem, por favor?