quinta-feira, 31 de maio de 2012

Esquecimento adequado

A gente guarda com cuidado as pessoas que aparecem na nossa vida. A gente conhece de perto algumas delas. A gente se despede de outras. A vida vai seguindo com leveza, enquanto você aprende a estreitar e romper laços. Nesse momento, deixei uma pessoa ir. Me libertei de expectativas, de vontades. Ao mesmo tempo, o encontro com pessoas, mesmo fora do meu cotidiano, trouxeram uma luz que merece ser expandida. Dia a dia, dando tempo, deixando um pedaço delas guardadas por aqui. Deixaram sorrisos, agradecimentos, experiências, e uma saudade que cuida de ocupar tudo. O que se guarda é uma experiência que aflora os sentimentos mais conflitantes. Tem vontade de se aproximar, de se afastar. Tem vontade de deixar a vida respirar um tempo, enquanto você se recupera. Enquanto seu corpo, enquanto seu coração, ficam em sintonia pra lhe deixar em paz. Deixei o tempo me absorver. Deixei que ele me sustentasse durante esses dias. Somente ele. Alterno os dias em que me sinto suficiente. Alterno os dias em que os sorrisos ou a felicidade é sincera. Quero que o mundo, que essas pessoas, me deixem ir. Quero conseguir deixá-las. A tranquilidade não é fácil de ser assistida. Os pés e as mãos ficam inquietos, o sorriso e o olhar ficam passeando pelos lugares. Aqueles que lhe afligem a memória, aqueles que contam de si mais do que a voz. Perdeu-se entre os cuidados alheios. Procurou a simpatia escorregadia dos sentimentos alheios. Deixou-se naquele confuso mundo de outras pessoas. Existia para essas outras impressões. Essas... Essas com as quais não pode contar. Porque o tempo não foi suficiente para que se fizesse entender. E talvez nunca seja. Escorrega em direção à própria vida. De uma á outra respiração, corre prendendo, segurando o fôlego, alimentando esperanças frágeis que se dispersam na primeira busca sem resposta. Olhou pra tela. Olhou pras telas. Aquelas que ficam tentando usurpar a sua vida. Aquele mundo paralelo que lhe preenche em horário comercial, que lhe preenche pela madrugada adentro. Que lhe suga em tempo integral. E sem resposta a respiração pausa. Ela deita com o olhar diferente. Com o sorriso parado. Aquele que não reage mais. Aquele que se acostumou. Buscando um utópico estado de paz absoluto. Buscando isolar-se das multidões que vivem em sua cabeça.

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