terça-feira, 4 de março de 2008

Espelho de mim



Talvez fosse pretensão minha achar que dominava tão bem a vida. Alguns dos meus melhores conceitos foram derrubados por ninguém menos do que a própria autora. Não me sinto tão forte e menos ainda completamente madura. O que de fato melhorou dentre os sentidos foi a visão. Eu vomitava valores mundo afora esquecendo dos meus mais importantes. Não basta pregar.Havia esquecido por um significante período que os meus mais valiosos tesouros estavam aqui, nos quartos ao lado, nos telhados mais próximos. A mira, por exemplo, andava péssima. Aquela história de direcionar “coisas” e ser devota “daquilo” que não merece. Já não brilhava mais. E por falar em brilho, eu também já fui estrela. Durante certo tempo foi bom ser uma estrela. Até que suguem toda sua luz é bom ser estrela. E como estrelas não choram, eu preferi volta a ser gente. Eu decidi mudar e ver de outra posição aquele mundo que eu já tinha visto. Eu resolvi pisar fundo nele. E mesmo um pouco perdida, acredito que esteja me saindo bem. Muitas coisas tornaram-se mais saudáveis e estáveis, principalmente em matéria de relacionamentos. O mundo real é o que me satisfaz. O contato, o olho no olho, um abraço, assistir o pôr do sol, um café forte pela manhã... Foram essas coisas tão aparentemente banais que criaram os meus melhores momentos. Não desmerecendo a eficiência dos protagonistas, é claro.Em outras vidas eu fui um pêndulo. Tradicionalmente, eu sei que agora tem dias que eu não vou sorrir e eu ainda sei que isso não é tão ruim. Neim sempre quem sempre ri está completo. O convívio excessivo com qualquer coisa me faz ter surtos terríveis. Seja com o controle remoto, seja o trabalho de todo dia, algum hábito , rotina nunca foi pra mim.Dá minha vida eu quero cada dia diferente. Como estar em todos os lugares, ler todos os livros, escutar todas as músicas e ter as mais diversas sençasões. Da minha vida eu quero tudo e agora eu tenho pressa. Pressa essa porque agora eu vi que nada é pra sempre e isso mesmo que contraditório, faz você refletir sobre algo certo que você precisa pra um curto espaço de tempo que seja.Durante boa parte do tempo eu vivo em harmonia com o passado. Em boa parte do tempo eu conto dias. Em boa parte do tempo eu desisto. E eu que nunca fui disso, eu sempre fui de desafios e competições e me divertia demais por ser assim. Acabei optando por parar no tempo pra descobrir quem eu sou , ou esperar que alguém me dê uma pista. Mas eu já sei que ao menos nunca fui de esperar. É emocionante começar o dia indo com sede ao pote, almejando o melhor. E o manual diz, não deseje só para si. Condição difícil essa, mas que conta bastante na rodada final.Como há 21 anos eu continuo sendo uma tola. E todo dia de manha eu dirijo ao som de música sempre em ordem diferente passando pelos mesmos lugares , buscando caminhos diferentes pra chegar a um mesmo ponto. Achar que certas coisas mudam é burrice. Há coisas que nunca mudam e ninguém vai me dizer o que fazer daqui pra frente. De uma forma significante, se falarmos em números, hoje eu confio em pouquíssimas pessoas. E não lamento por isso, por Deus! Eu confio em mim e isso talvez já bastasse. Porém eu sei, não somos auto-suficientes. E eu só posso dizer que balanço não seria uma palavra apropriada agora . Hoje eu aguardo, pacificamente aguardo que todos os clichês e frases feitas fassam sentido. Espero pra que o tempo realmente passe e espero que nada volte atrás. Quando desejo, posso pará-lo. Quando eu menos espero, ele já era. É só olhar para os lados, já é fim de ano. Os meus 365 dias que se vão deixando as mais visíveis marcas de aprendizado.

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