Algo entre uma santa e uma pilantra. Quero uma emoção paralítica. O mundo me viu brigar, agora vai me ver dormir.
domingo, 2 de dezembro de 2012
Agradecimentos
Mudança é a lei da vida. Se você quer resultados diferentes opte por caminhos onde nunca andou. Comece devagar e na medida do possível mude o todo. Já dizia Einstein, "A mente que se abre a uma nova idéia jamais voltará ao seu tamanho original."É uma tolice querer resuldos diferentes fazendo sempre o mesmo. Sou eu e minha síndrome de Fenix. Queria agradecer a todos que acompanharam, gostando ou não. Sou grata a todas as críticas e elogios. Cada um a sua maneira agregou valor. Sou imensamente grata as 64.567 mil(Ufa) visitas nesses 5 anos de blog. Agradeço a quem dedicou um pouquinho do seu tempo pra vir aqui. Essa foi uma fase bonita da vida que eu guardo aqui com muito carinho. Vejo a transformação latente nas páginas de início até os dias de hoje. Foi um prazer mostrar um pouco de mim aqui. Tão presente em todas as linhas. Quem quizer continuar acompanhando meus capítulos:
http://chaodasilusoes.wordpress.com/
Uma nova fase começa aqui.
E eu ?
Eu vou indo ali, escrever uma nova história.
sexta-feira, 30 de novembro de 2012
Lavei o rosto depois da tormenta
Foi quando lembrar se tornou difícil
Não ver se torna opção agradável
sob a sombra de pensamentos prometedores
Sussurro meu pranto à teu pé do ouvido
Uma ladainha repaginada de algo não resolvido
quase uma súplica,
amargamente vestida de cinzas
em ferida pulgente.
Preferi me calar
e meu peito quase explodiu em mágua
envenenando corpo a fora
Todos esses dias no inferno me definem
Lá me encontrei e fiz carnaval
Espalhando verdades proibidas
à mentirosos de primeira viagem
Mágua é água parada
Apodrece,
É tempestade em copo dágua
enlouquece
quinta-feira, 29 de novembro de 2012
A foto
Ontem achei uma foto nossa
Dilacerada em quatro pedaços
Mas que nunca tive coragem de me desfazer
A única lembrança que guardo desse amor
Uma foto já amarelada
Borrada por todas as vezes que chorei
Borrada pela mancha que desse desamor
Peito vazio e sorriso desconcertado
Enquanto apreciava os fragmentos
Tentei por vezes juntar os hiatos
Compor mais uma vez aquela imagem
É triste quando um amor acaba
E nem naquela foto amarela
Eu me encaixo mais em você
Não reconheço a menina daquela lembrança
Somos agora um rascunho maldito do que passou
A imagem fica distorcida
E os espaços parecem maiors
É como um espectro disforme
Lágrimas densas deslizam pelo rosto
A tocar por mais uma vez o polaroid
A boca amarga e sinto uma imensa saudade
Me contento com os quatro pedaços
Da foto amarelada que não consigo mandar embora
Talvez o pedaço, meu pedaço mais bonito
segunda-feira, 5 de novembro de 2012
Sabe o que eu senti? Claro que não. As pessoas tem o hábito de ocupar-se em outras coisas quando os sentimentos fortes passam por elas. Sejam quais forem. No momento raro em que a reciprocidade completa acontece elas são felizes, quando não, se enchem de medos, inseguranças, superstições, angustias, cuidados, exageros... os maiores exageros possíveis.
Deixa o corpo transparecer as coisas que mais tenta esconder, deixa o sorriso expresso no rosto enquanto olha pra alguém, deixa os olhos brilharem, deixa o corpo contraído e quase vê o coração pular de dentro do peito, fazendo um som alto que todos devem ouvir.
Alguém olhou para aquele mundo dentro dela. Alguém percebeu. É o que quer. Que perceba, que se afaste, que acalme os seus dias estando o mais longe possível. Preciso da coragem alheia, porque eu aqui, sozinha, vou procurar sem querer ser procurada. Vou atrás tentando fugir. Encontrando passatempos diários, prazeres sigilosos, meio proibidos. Na conversa tranquila solto umas lágrimas pelo canto do olho. Deixo-a visível. Com o sonho cuidado, tão cuidado que não deve ser além disso.
Guardou toda a ingenuidade de momentos anteriores. A vida é uma só. Decidiu sugá-la, vivê-la sem seus medos. Para com esse cuidado de fingir que não sente. Para. Simplesmente. Deixa o corpo seguir o caminho só, sem pensar, deixando viver os desejos que esconde.
Não sei o que acontece com o tempo. Menos o que acontece comigo, parece que eu e o tempo vamos nos confundindo. Os sentimentos vão se misturando, SE AMPLIFICANDO. Aprendo a observar cada um dos detalhes alheios: do sorriso ao olhar, meu e do tempo. Uma esperança vai se enquadrando e preenchendo. Ou tornar algumas vontades mais fortes e de tanto querer, de tanto lembrar as coisas vão se diluindo, apagando... não! Bem que eu queria. Traçar um rascunho, uma linha cada vez mais leve e clara, que forma um circulo em torno deles. Pronto! Agora por minha conta e do tempo ? Já nem sei mais o que foi ontem ? E hoje ? Repito essa observação, que tenta ser profunda, dos detalhes alheios, do sorriso ao olhar. Somos muito diferentes. Não preciso de muito pra perceber isso. As imagens dos sorrisos e esse brilho constante no olhar, passam impressões distorcidas, vejo tudo aquilo que não é. Somos, definitivamente, diferentes e talvez, pro mundo inteiro devamos ficar longe. Fico atenta nas suas escolhas, esperando... junto com o tempo que espero que aprenda a curar e apagar tudo aquilo que não é.
segunda-feira, 29 de outubro de 2012
Mal diz. Mal preenche o espaço que lhe deixo disponível. Talvez a minha resistência devesse se amplificar. Talvez deva exagerar nos meus limites. Talvez deva inteirar o mundo com as minhas confusões. As que se multiplicam com o passar lento dos segundos de espera. Em um curto intervalo de tempo se questiona, muda de direção, apanha os antigos sentidos que via nas relações desenvolvidas e joga num canto do quarto. Deixa lá. Guarda sem nenhum cuidado. Sufoca as palavras até onde perde controle. Prende às mãos a uma distância frágil . Não adiantam os tantos conselhos. Não adiantam os tantos cuidados. Uma parte sua prefere jogar-se em fogo cruzado. Prefere investir no salto, sem perspectivas, sem direções certas. Esse sempre foi o lado que via como o melhor da vida. As incertezas que lhe impulsionam, são sempre tão mais atraentes do que o planejamento de uma história que nem existe.
sexta-feira, 26 de outubro de 2012
domingo, 14 de outubro de 2012
Me olha
É com cuidado, com todo o cuidado. Ela pensa em cada palavra, planeja o tom de voz, a velocidade com que vai levando a conversa de um assunto trivial a uma confissão. Uma daquelas que estão explicitas. Fica imaginando o que faz alguém ser tão... tão inexplicavelmente... Como alguém é capaz de fingir... De omitir... tão bem. Já faz algum tempo que perdeu essa fragilidade. Já faz algum tempo que aprendeu a desocupar o coração, o que for, das paranoias que se infiltram sem perceber. Já faz algum tempo que ela aceitou que para algumas coisas ninguém amadurece o suficiente. Aprendeu a aceitar o ridículo em que algumas situações lhe colocam, aprendeu isso no momento em que não precisou ser melhor ou pior que qualquer outra pessoa. *** Quer voltar, seja pra que lugar for. Ela rasteja entre o sonho e a vida real. Fica esperando que alguma parte da vida se concretize. Não pode dizer que alguém a conhece. Não pode dizer que conhece alguém. Ela se limita a ficar parada, quieta num canto tentando observar detalhes à distância. Ela quer se ver no espelho, daqueles pequenos onde só se vê um pequeno recorte do rosto. Será que vale procurar tantos detalhes próprios? Ela quer se ver. Antes que qualquer um a veja.
terça-feira, 11 de setembro de 2012
Esse Maneco é cheio de certezas maiúsculas. Tudo que não invento é falso. Mas as coisas me ampliaram para menos. E o melhor jeito que eu achei pra me conhecer foi fazendo o contrário. É preciso. Porque do lugar que estou já fui embora, uma vez que a inércia é meu ato principal. As coisas não querem mais ser vistas por pessoas razoáveis: elas desejam ser olhadas de azul. E eu sempre guardei nas palavras os meus desconcertos. Uso a palavra para compor os meus silêncios. Onde eu não estou, as palavras me acham. Lugar sem comportamento é o coração. Pois por pudor sou impuro. Mas para mim, poderoso é o que descobre as insignificâncias.
(Manoel de Barros)
segunda-feira, 10 de setembro de 2012
Cada palavra deve ser conduzida com cuidado. Há um amor pela forma de expressão, um que se apega ao papel, à caneta... Um que admira os rabiscos em folhas amareladas. Mesmos as palavras soltas, desconexas, jogadas sem ordem em uma folha lhe parecem caras. De que resulta esse apego que lhe mantém presa a cadernos de histórias que lidas hoje não contam coisa alguma? Busca as referências pelo tempo, pela memória, pelas pessoas que conheceu... O que fica de cada uma dessas experiências são as vozes silenciosas presas no papel. Elas lhe trazem os sorrisos de volta. Elas lhe trazem um sono tranquilo. Mesmo quando constantemente a impedem de dormir. Certas vezes as vozes não lhe importam. O silêncio, ou o som baixo da caneta correndo pelo papel é o que é capaz de tranquilizar o seu dia.
Precisa de um reencontro. O que tem a fazer? Volta às antigas folhas de cadernos, agendas, datas marcadas, tantas as coisas que já passaram por ela. Vai à busca de quem foi pra tentar entender a confusão que a prende em cada novo dia.
Como o tempo esperado a faz transformar os sentimentos. Como a paciência se esgota. Como as dúvidas vão penetrando tão forte. Como decide apagar tudo pra recomeçar.
Pensa em queimar as folhas antigas. Pensa em construir uma pessoa nova. Mesmo nome, mesmo rosto, mesma voz. Mas seus silêncios mudam de significado. Suas frases perdem a clareza até que tenha, finalmente, coragem de falar com todas as letras o que a transformou.Parte cedo demais... de uma ou outra palavra, dessas que deveriam preencher frases longas cheias de explicações. Mas não consegue evitar e deixa o subtendido, deixa o que viria ser, completar a frase precipitadamente. Interrompe a voz do outro com uma respiração mais forte. Com o “não sei”, que deveria mas não conduz a nada. Não deixa o tempo ser natural, com medo das certezas. É mais fácil impregnar-se de dúvidas.
sexta-feira, 7 de setembro de 2012
Ao acaso
E me disseram que o tempo ensina... E eu passei a vida tentando me convencer disso. Mas ninguém diz como não ter medo... Como não me arrepender. Como seguir em frente. Ao mesmo tempo ninguém além de mim é capaz de entender... Nada que eu fale hoje pode me fazer entender. Tudo o que eu consigo fazer é ficar confusa. Preciso que alguém cuide um pouco de mim. Porque sozinha tem sido difícil... Como se continuar tivesse deixado de ser simples. De repente o que eu achei que precisava de coragem pra fazer tomou algum fôlego. De repente as coisas não parecem ter muito sentido. E as coisas não parecem estar a meu favor. Em um dia tudo cresceu aqui dentro, tudo começou a doer, a ferir o corpo com marcas que eu não provoquei. E eu nem sei o que veio pra doer tanto. Nem eu sei de que quero tanto fugir. Só tornei o dia insuportável e o tempo decidiu me abandonar. E todos esses sentimentos que começavam a fazer sentido se perderam outra vez. Não achei que alguma vez fosse incapaz de lidar com certas perdas, não achei que alguma vez fosse desejar tanto que o tempo passasse o mais rápido possível pra ver se esses sentimentos criam força pra passar também. Só estou com medo. Um medo que nunca senti. Nunca. Medo de que as coisas continuem iguais, medo de que independente de qualquer coisa eu só tenha que continuar [...]. Tem sido difícil, tem me sugado o sono e os sonhos. Tem criado sentimentos novos que achava que não existiam aqui. Tem me forçado a pensar em mim mesma. Tem me feito ver meu reflexo real. Aquele que não tinha coragem de mostrar, de admitir. Aquele que me entrega vulnerável, sem cuidado. Sem a proteção da primeira impressão. Não quis ser fácil de entender, aprendi a me esconder. Em cada uma das cuidadosas palavras que era capaz de falar em voz alta. Esse encontro com o reflexo me trouxe de novo pra mim. Estou só um pouco cansada. Quem sabe amanhã eu volte. Quem sabe amanhã tudo pareça melhor. E eu consiga voltar a acreditar que o tempo muda as coisas, que faz tudo passar. Por enquanto estou aqui despejando a vida, deixando tudo ainda mais em carne viva. Até ser capaz de me convencer.
domingo, 2 de setembro de 2012
Cazuza estava certo. O tempo não para. O tempo arrasta. O tempo devora. O tempo sufoca. O tempo agride. Mas o tempo também aumenta a saudade. O tempo não espera. O tempo tem pressa. O tempo transforma. O tempo melhora. Ou piora também. O tempo ensina. O tempo é impaciente. O tempo corre por si só. O tempo não planeja ninguém. O tempo amadurece. O tempo cresce. O tempo dói… mas cura também. O tempo supera. O tempo esquece. O tempo vai… mas não volta. O tempo não fica. O tempo sempre está de passagem. O tempo é ciência. O tempo é mistério. O tempo pode ser divertido, mas também pode ser tédio. O tempo é eterno. O tempo é indecifrável. O tempo é virtude. O tempo é maldade. O tempo passa. A vida acontece, mas a gente permanece!! Sábias palavras
segunda-feira, 27 de agosto de 2012
Uma boa conversa costuma ser aquela que consegue ser acompanhada de alguns sorrisos tortos, algumas gargalhadas exageradas, uma teia de causos que uma família do interior pode contar. Nada deveria ficar do rotineiro, dos altos tons de voz, do excesso de solidão a que se submete, da frase mal compreendida, nada deveria ficar além da percepção de que nenhuma família é grande ou pequena, boa ou má o suficiente. Não se trata disso. Nossos casos são os mesmos. Não seria certo comparar histórias. Não seria certo supor, pelo meu lado, maiores dificuldades, maiores perdas. Qualquer que seja a dificuldade ela consegue ser transformadora. Seja pra lhe fazer aprender, torna-la uma pessoa mais forte, independente, dura. A delicadeza não consegue vencer em todos os dias. Natural. A vida é recheada de altos e baixos, de idas e vindas. Que vá embora então, mas que um dia volte. Talvez nenhuma escolha e nenhuma palavra seja realmente definitiva. Mas fica uma cicatriz, uma especificamente, que lhe volta à memória, que lhe faz desejar tantas coisas outra vez. Juntando o medo na bagagem, carregando cada uma das lembranças que ficaram presas nessas paredes, tudo o que eu quero, no fundo, é poder ir.
Mal diz. Mal preenche o espaço que lhe deixo disponível. Talvez a minha resistência devesse se amplificar. Talvez deva exagerar nos meus limites. Talvez deva inteirar o mundo com as minhas confusões. As que se multiplicam com o passar lento dos segundos de espera. Em um curto intervalo de tempo se questiona, muda de direção, apanha os antigos sentidos que via nas relações desenvolvidas e joga num canto do quarto. Deixa lá. Guarda sem nenhum cuidado. Sufoca as palavras até onde perde controle. Prende às mãos a uma distância frágil do teclado. Não adiantam os tantos conselhos. Não adiantam os tantos cuidados. Uma parte sua prefere jogar-se em fogo cruzado. Prefere investir no salto, sem perspectivas, sem direções certas. Esse sempre foi o lado que via como o melhor da vida. As incertezas que lhe impulsionam, são sempre tão mais atraentes do que o planejamento de uma história que nem existe.
Às vezes não preciso de nada além de me ouvir. Às vezes o dia melhora com isso. É quando eu me sinto menos sozinha. Quando os dias passam na velocidade certa. Quando não desejo nada além de estar aqui. Ouvindo. Sendo a pessoa que sempre desejei ser. Quando aqueles sonhos de quando... já nem lembro quando... Quando eles fazem sentido. Quando você sorri sozinha e se sente feliz.
sexta-feira, 3 de agosto de 2012
Podemos procurar cada uma das palavras, podemos juntá-las todas. Talvez elas façam sentido, talvez elas estejam, somente, em um processo de busca. Talvez elas tentem cotidianamente atingi-los. Talvez elas busquem um comportamento de correspondência. Talvez seja mais simples escrever em terceira pessoa. Talvez seja menos intimidador.
As suas imaginações descansam, ali... beirando as paredes de vidas alheias, algumas próximas, outras nem tanto. A poesia, ou a conversa que vai construindo não precisa de uma mirabolante ficção cientifica. Nossas vidas nunca deixaram de ser, em parte, personagens nossos. E, saiba, eu guardo as imagens de histórias que um dia talvez possa contar.
O pôr-do-sol à beira mar. A conversa sobre livros, sobre arte. Os sentimentos não correspondidos. As pessoas que se afastam. Aquelas das quais sente falta. O vento forte da madrugada batendo rosto. O colo. Os sonhos. As decepções. Um dia podem construir vidas em terceira pessoa.
Cada linha, ainda que com outro nome, com outra experiência, com outra idade, com outros sonhos... São as minhas escolhas saindo pela ponta dos dedos. Não devem me perguntar o quanto cada palavra é pessoal. Devem se perguntar, o quanto pode não ser? Nem eu saberia, de fato. O quanto foi vivido, o quanto foi imaginado. Será que alguém realmente acha possível mensurar sentimentos a esse ponto?
Deixo as certezas de lado. Assim como transpareço entre sentimentos estranhos o medo de algumas palavras, medo, justamente das certezas que elas anunciam. Deixo o amor, esse estático, aguardar por palavras mais maduras (não necessariamente pelo tempo). E vou ao encontro do verbo, o “amar” que flutua... entre lugares, experiências e pessoas.
Por não estarem distraídos (Clarice Lispector)
Havia a levíssima embriaguez de andarem juntos, a alegria como quando se sente a garganta um pouco seca e se vê que por admiração se estava de boca entreaberta: eles respiravam de antemão o ar que estava à frente, e ter esta sede era a própria água deles. Andavam por ruas e ruas falando e rindo, falavam e riam para dar matéria e peso à levíssima embriaguez que era a alegria da sede deles. Por causa de carros e pessoas, às vezes eles se tocavam, e ao toque — a sede é a graça, mas as águas são uma beleza de escuras — e ao toque brilhava o brilho da água deles, a boca ficando um pouco mais seca de admiração. Como eles admiravam estarem juntos!
Até que tudo se transformou em não. Tudo se transformou em não quando eles quiseram essa mesma alegria deles. Então a grande dança dos erros. O cerimonial das palavras desacertadas. Ele procurava e não via, ela não via que ele não vira, ela que estava ali, no entanto. No entanto ele que estava ali. Tudo errou, e havia a grande poeira das ruas, e quanto mais erravam, mais com aspereza queriam, sem um sorriso. Tudo só porque tinham prestado atenção, só porque não estavam bastante distraídos. Só porque, de súbito exigentes e duros, quiseram ter o que já tinham. Tudo porque quiseram dar um nome; porque quiseram ser, eles que eram. Foram então aprender que, não se estando distraído, o telefone não toca, e é preciso sair de casa para que a carta chegue, e quando o telefone finalmente toca, o deserto da espera já cortou os fios. Tudo, tudo por não estarem mais distraídos.
As vezes parece que as frases vêm prontas. De um folego só, com uma velocidade quase superior a sua consciência. Elas encaixam-se na minha vida. Procuram a terceira pessoa, um personagem em que possam se sustentar e completar um ciclo. Se me deixa vulnerável? Claro. Sou eu. Ao mesmo tempo o corpo descansa tranquilo, feliz, entre folhas amareladas que esperam o dia seguinte.
A falha
Do que mais eu preciso? Afugentar esses medos enraizados. Admitir a necessidade de começar outra coisa, ainda que não saiba exatamente o que. Preciso romper laços para dar início a outros. Preciso admitir a minha confusão para poder desejar que qualquer pessoa seja capaz de me aceitar. Preciso de um descanso, um desses que deixa tudo tão quieto que o som da respiração parece grito. Preciso mais ainda do silêncio. Mas aquele silêncio, aquele em que alguém lhe socorre e segura sua mão. Preciso da palavra equilíbrio estampada no meu rosto. Preciso das utopias que deixei adormecer. Preciso voltar a acreditar em tanta coisa. A primeira delas é acreditar em quem eu encontro do outro lado do espelho. Preciso que o tempo se alterne, que ele seja lento, que ele seja rápido. Preciso que ele acompanhe a minha pulsação. Preciso escolher ou posso seguir todos os caminhos?
terça-feira, 24 de julho de 2012
Te encontrei
quando as pessoas se encontram eles nem sempre precisam falar. basta que se olhem. o olhar vai construindo a conversa aos poucos. eles brilham... quando se percebem diante um do outro. conversam pelo discurso não anunciado. aquele preenchido pelo toque acidental. pelo constrangimento de perceberem-se perto. a felicidade pode estar nesse encontro subliminar...naquele que ainda não aconteceu. no jeito calmo de levar a vida que paralisa outra. a lembrança sorri. pela imaginação dela, dele, dos dois... estranhos que esbarram em alguns dias. somos paranóicos com os sorrisos dos outros, como se fossem mais importantes que os nossos. ela torce pelos sonhos estranhos daquele que quer, por mais que mantenham longe. sorri sozinha entre quatro paredes. eles sentam um ao lado do outro na areia da praia. o sentimento mais forte silencia. não conseguem falar. não se tocam. não se olham. a presença guarda a perfeição do quadro construído em imaginações aleatórias. naquelas de toda noite.
Hoje o tempo não nos permite sorrir,
a realidade do hoje desconstrói os conceitos,
gritos altos já não entorpecem a multidão,
vazia e repleta, de reflexos imperfeitos,
o grito interno é inevitável,
somos tão pequenos e queremos tanto,
a morte é fato, e o término assim se fez,
mas a brisa fresca do outono se aproxima,
e trás com ela lembranças,
ás vezes dói...
ás vezes eu dou risada e ninguém percebe,
hoje eu descobri, que máscaras não podem ludibriar tristezas,
mas sinto que o meu sorriso mais doce está próximo,
pois olho para o lado,
e vejo o brilho dos olhos,
daqueles que me querem bem,
então talvez valha a pena, não por mim, nem por eles...
mas por todos nós.
Pensamentos instantâneos, felicidade no controle remoto,
eu nunca tive muito saco pra essa coisa de sentir medo,
me arrisquei por mais de mil, até pelo que eu não quis,
senti a loucura de perto, ora vamos,
loucura e tédio são apenas palavras,
sorte daqueles que sobrevivem com ignorância,
são de fato mais felizes,
felicidade é para os tolos,
eu prefiro arder de amor, num mar de dor,
eu nunca tive muito saco,
pra ideologias baratas, religiões compradas e
política industrializada,
e tanto blá-blá-blá, tanta conversa fiada,
que eu prefiro dormir a ficar acordada,
nessa realidade subjetiva, nessa carne sofrida,
sorte é a dos sem sentimentos, ás vezes eu preferia não sentir,
o amor é o veneno mais doce,
a poesia é a magia mais necessária,
a vida então se faz fundamental,
é um bem querer mais que querer mal.
Codificado
Veja além do meu reflexo no espelho. Repare nas mentiras da minha boca, setindo as verdades que meus olhos calam. Perceba então, que a vida não vale o preço da sorte. E saiba que eu dou tudo pra ter você aqui.
Intimidade
Do lado de dentro tenho guardado um pote secreto, fragmentos das cidades que morei. Mais fundo ainda, na prateleira da saudade, carrego com pureza os abraços sinceros que roubei. Sonhando vez ou outra com o dia de me sentir completa, de reunir todas as cores e sensações, de organizar os sentimentos por ordem alfabética, e sendo assim, talvez controlar a confusão que me causam. Vai chegar o dia em que olharei pro fim da estrada, e verei flores ao invés de luzes, as flores podem até me cegar, mas seu perfume ficará gravado em mim. Assim como todas as pessoas que passam pela minha existência, elas deixam um pouco de si, e levam partículas do meu eu jamais compreendido. Eis que viver não faz tanto sentido. Sinto falta do meu quebra-cabeça incompleto, tem dias que quero os segundos passem logo, e outros que a vida me espere, pois eu sempre paro pra arrumar o sapato.
Na roda
Todo dia, o dia todo. Gosto do ardor de ignorar o relógio, me sentindo liberta da bilheteria da vida. Olho pra roda-gigante, e ela continua a girar... as pessoas gritando, a mente suando. E eu sempre me sentindo distante, alheia. Aos poucos começo a entender que não faço parte. Recolho meus brinquedos e me tranco na casinha, com aquela sensação boba de não saber onde guardei a chave. E dessa vez as estrelas não existem, só um punhado de mentiras, das quais eu tento me convencer. E me pego ali, parada, segurando a carta que não vou entregar, com aquela sombra idiota nos olhos, em mais uma tentativa estúpida de fingir que faço parte da multidão
Eu não quero falar de amor
Tempestades passaram por mim, junto com esmaltes descascados, e um certo pouco do muito daquilo que eu não falo, o amor. Não que as frutas percam a serenidade. Vens e te derramas e me invades, molhada e suja todos os dias. Abro a gaveta e mais uma vez só vejo sonhos, não, eu não os organizo. Tiro a poeira das cortinas, e percebo que cada pó contém, e me calo. Na recusa indiscreta do teu suor com gosto de orvalho. Livros, não querem sentir o sol. Eu, sento na rua, com fome nua, sua. O Banheiro é abrigo para os dias cinza-ruins, a água amiguinha das lágrimas de querubim. Ilusória e desmedida, respiro-me louca e santa. Divina entre minhas negações, meu complexo desconexo. Pirações do amor não dito, quanto mais calada melhor a paixão. E me canso do amor inventado, quero amor quietinho, fugitivo, abandonado de razões, sem pretensões... E assim, pequenino, submerso, dure por toda a vida em prosa e verso.
quinta-feira, 12 de julho de 2012
Mulher do seu lado, sou
Resoluções de finais de ano precisam combinar com essa cor que eu quero inventar? A direção me leva da eloquência onde espalho as gotas pela superfície dos timbres percorrendo o chão das delícias imaginadas; até o fechamento dos meus olhos para um eu que não existe mais. Renovei minhas palavras velhas, mutilei o sorriso que precisava, tirei todo o precisar de mim. Vi um vulto vermelho pulsante e descobri que tenho um coração apaixonado. Não sabe decodificar teoremas de complexidade mas sabe ceder, aceitar compreender. Eu compreendo tudo. Não vês? Eu nasci para o amor. Beijar em silêncio não é imoral, pecado é desistir de si mesmo. Quebrei, estou, fora. Saltei, enfim, da bolha. É libertação? Ainda não é isso, a alma que repele ondas de negatividade enquanto me coloca em seio materno de vertigens doces, alucinadas! Tenho tido muitos sonhos, meus prelúdios do teu ser, muito certos. Eu escolhi o erro. De saber e mentir mais que os outros. Rasguei o caderninho de delírios, se você encontrar um meu correndo por aí diga que não o quero. Só o que movimenta minha sensatez é paz do meu menino.
Mar azul
Sentada na praia desconhecida avistava novamente o mar. A cor não era mais a mesma, tinha mudado o jeito de ver? Mas aquele azul de qualquer tom a encantava. Cismava que não podia ser a mesma do retrato, então o enrolou e colocou numa garrafa de vidro e não jogou ao mar. O seu passado era um tesouro enterrado; enterrou a garrafa. Desejou se reencontrar num fururo próximo. É quando a gente sabe que o novo chega; podia sentir o sabor da reciclagem, um novo lar pra descansar os objetivos, estava cansada de liberdade superficial, só assim voltava a sentir os sabores doces, o misto quente de pão fininho pela manhã, o suco de laranja que ela nunca gostou, mas vira o copo. E sente o líquido se afeiçoar ao corpo, já não parece tão ruim, nada agora poderia ser tão ruim, as batalhas deixaram cicatrizes sábias, a lembravam de sua mortalidade pagã de simples ser urgente, necessitado, inconstante. Mantinha-se calma, sabia que tinha apenas oito anos para definir o que prolongou por egoísmo de sobreviver, via como águas límpidas onde o seu calo aperta, onde suas prioridades são eles e não ele. Entendeu numa mordida quântica que era vital se afastar de suas extremidades. Agora arruma a cama, observa os detalhes da casa interna, decorou seu coração com rosas púrpuras azuladas, era louca por azular as rosas as paredes a vida pra ela só podia ter sentido no azul. Pegou seu ticket e correu pro próximo brinquedo, entrou num que parecia uma caixa, nele havia uma borboleta escura tentando sair pelos vidros, ficou a imaginar como ela foi parar ali, se identificou de imediato, também não sabia suas razões de estar, mas estava. E ria. Sempre sobrava um sorriso de um ciclo da vida, Viver era aprender a sorrir mais uma vez, de novo.
quarta-feira, 11 de julho de 2012
28 de Janeiro
Sentei na cadeira e coloquei aquela sua música para tocar, é meu ritual religioso. Eu diria para qualquer um que me ouvisse murmurando a melodia do meu menino. Final do dia sempre me cobre a face com a calma que vem dele, a pele branca que me arranca as dores de existir, os cordões, um de colorir amor e outro em pura liberdade. Não é apenas uma passagem no tempo, estaríamos nós perdidos nesse tempo algum? Haveria apenas uma resposta? Então eu organizo as viradas de ano e refaço cada palavra certa, porque é só a sua palavra que me convém até quando eu não ouso me contrariar. É a letra que vem do vale mais bonito da serra que quebra as massas cinzentas de concreto bruto que eu construí só porque eu precisava de armadura contra excesso de bondade. No fundo estreito do sentir fica esse sabor de chuvinha fina. O eclipse que aconteceu sem ninguém supor que estávamos lá, que a junção dos mundos éramos nós. Apenas Sol e Lua.
De início parece que toda aquela construção que ele faz da boca pra fora, é mágica.
-Deus, é pecado amar como eu te amo ?
Antigos questionamentos
Penso mais do que sinto fome, e do que falo. E fica sempre esse gosto indesejado de não me sentir completa, me olho no espelho e não entendo, parece que estou o tempo todo tentando não aparentar o que sou. Tomando cuidado pra que cada gesto expansivo não me limite, como uma capa protetora envolvendo minhas extremidades e afins. Acordo, e não sou louca. E repito de novo aquela mesma ladainha que até eu já cansei de escutar. Não muda nada, mesmo que tudo continue girando, faz parte do ciclo, ok, essa parte eu já entendi. Procuro não me prender ao céu da boca, tendo em vista minha infinidade de timbres e sons. Mais duvidosa do que nunca, sigo o trilho do bonde certa do risco, e arrisco. Sei que cada passo adiante é um ponto de interrogação, mas ora veja, aprendi cedo a beleza do desconhecido, e me atiro. Só por hoje, e com passos de bailarina, sei que nasci velha pra aprender a ser menina.
- Você acha que voa alto ? Mas morre de medo de entrar em gaiola.
- Na verdade você nem voa, filhote não sai do ninho.
- Quem voa sou eu. Agora eu sei.
sexta-feira, 6 de julho de 2012
Então amei
És para mim um eclipse de inquietação e pureza, e um tolo se não percebes tudo o que tens. Volto no tempo, o relógio nunca está ao meu favor, e a vida não descansa enquanto eu tento entender. Paro, exito, e vejo luzes em você. Me dando conta de que faço tudo novamente, te beijo, toco, cheiro, cada "te odeio". És minha caixinha de surpresas, que guardo no meu íntimo, onde ninguém possa ver, não por medo, mas por querer só pra mim. Meu paraíso encantado e secreto, dúvida ressonante que atormenta, num desejo esculpido em prazer. Me perco em mim, só pra me achar em você. E acho graça, pois faço isso com gosto, como quem conhece as regras e mesmo assim se arrisca no jogo. Me divirto entre os seus acordes, me inebrio com suas nuances, danço na valsa dos teus fragmentos, partículas de tesão e afeto, que se eu não tiver eu furto. Sua força me encanta, e sua doçura também. Sabes me fazer rir, é como se todo dia ao lado teu fosse carnaval, eis que é assim que me sinto perto de ti, numa eterna alegria indivisível, repleta de fantasias e cores, de sonhos e amores. As luzes se apagam, e fica só você, defeitos e sorrisos, almoços e boa noite, não quero mais entender, te quero assim, no meu colo, em meus braços, pra sempre em mim. Como minha música favorita, você arranca a minha alma esmagando os meus sentidos, és a droga perfeita, precioso vício.
Sublime
Tá na cara, baby! minha pele toca na sua, e bum! As palavras fogem de mim, correm desesperadas, feito loucas! sei-lá-pra-onde. É que é tanto sentimento, dengo. Tanta vontade de trancar numa caixa meus medos bobos e te querer-só-pra-mim. Teu carinho é tudo, eu não sei o que dizer! Eis que você me deixa assim, completamente encantada. Hesito, te abraço, e displicente não digo nada. Nunca pensei que alguém pudesse fazer as palavras perderem o sentido, mas você faz. Sem pretensão chegou de modo que não parecia real. Eis que a vida gira na ciranda do encantamento. E sem que eu pudesse perceber ou evitar, tu já ressonava em meus pensamentos, em meus desejos. De lá pra cá, daqui pra lá, o carinho sincero se fez. O tempo passa, o relógio nunca para, e a vida sempre vai seguir... Não te quero com um sorriso fugaz no rosto, mas com a certeza de que podes contar com a minha existência, de uma forma só nossa, que sei que só você entende. Ao te conhecer o mundo se tornou um lugar reconfortante para meus questionamentos, e meus conflitos se aconchegam com tuas singelas palavras, tão significativas, mas tão imperativas.
terça-feira, 3 de julho de 2012
Ele segurou na minha mão
Ele tinha visto minha alma; mas só porque eu deixei, eu gostava dele só porque eu queria gostar, todo aquele sentimento na verdade era meu, não dele. Eu escrevia poemas diários porque é da minha natureza, eu confundia tudo porque fui criada achando graça da confusão de ser eu. Eu gostava dele porque me via nele, todo gostar é um pouco de nós, quase ego, mas não chegava a ser exatamente ego, era vontade de se assimilar com iguais, vejo no outro o que gosto em mim, quero ele perto porque sou mais mulher desse lado. Eu era algo tipo um degrau à perfeição, eu queria chegar ao meu melhor. Com o outro eu sou minha melhor versão. Por ele amar minhas gírias, a forma como eu falo ou prendo o cabelo, ou ainda a meneira desajeitada que eu coço o pescoço quando fico nervosa, todas as pintas do meu corpo. E eu amo quando ele diz que ficando brava aparecem furacões nos meus olhos e só de piscar destruiriam cidades imaginárias em algum lugar desses de sonhos. Ele me ama e com todo certeza posso dizer, comecei a amar esse outro mais doque pensei que podia amar. Ele vê o melhor de mim, algo que eu nem mesmo sabia poder ser. Do lado dele.
Mulherzice
Toda evolução tivesse o motivo que fosse, partiria de você; só de você. Eu queria uma solução exatamente milagrosa paras as minhas causas, eu não me justificava nessa mesa de madeira, eu devia pegar o metrô e cumprir meu destino, mas a idéia mesmo que menor que um grão de arroz de estar presa ao que quer que fosse me provocava arrepios, não do tipo bons, mas aqueles em que o grito corre seco pra garganta. Desde pequena eu não sei me apegar; tinha o bicho da inquietude no sangue, ele se alimentava de mim, eu me alimentava dele, era uma troca recíproca. Só sei estabelecer relações recíprocas. Como vocês podem ver nasci mulher. Essa descrição toda é pra dizer que apesar da aparência eu sempre me senti com uma parcela muito baixa do senso feminino em mim, eu não tinha grandes neuroses, extremas psicoses, meu destempero era controlado; vez ou outra eu soltava a macaca, as vezes acho até que eu gostava de brincar de me importar com certas mulherzices. Claro que eu tinha umas falhas grotescas, as vezes era fria demais, dura demais, sincera demais. E da relatividade dos meus vinte e dois anos eu sei o que faz diferença aos meus olhos. Sempre fui do tipo sensível, não a sensível que chora, mas a sensível que percebe o mundo pelos seus pedaços, junto cada detalhe; observo escuto, me sinto onisciente.
Libertadora
Amor antigo. Só a palavra me interessa, aos que não se contém, voltamos a namorar. É tórrido em cada consoante, invade minha ausência de vírgulas, meu sentir perdido em métricas retroativas da superficialidade do copo. Cuspo na sua cara minhas palavras soltas! Livres! Escrevo para encontrar lugar nenhum! Só estou aqui porque estou viva. E arranho todas as paredes com minhas vogais alucinadas, que me devoram como bichinhos que vão para a luz! Amanheço em êxtase, dormi com a frase perfeita...
Namorado
Diante de tantas coisas que se pode querer da vida, falei para um amigo outro dia que só quero que alguém me ame, daquele jeito de "verdade". E mais rápido do que qualquer dúvida possível ele só pôde falar: - Isso você já tem. Meu amigo, meu amor, meu novo namorado.
sexta-feira, 29 de junho de 2012
Meu
Você dormindo e eu aqui escrevendo...é tão bonito, estranho, confuso te ver dormir enquanto o vento adentra o quarto como num ballet sem métrica, enquanto eu temo pelo frio da janela aberta e das expressões que tua face semeia, sucumbindo a exímia luxúria de todos os barulhos que me lembram das minhas fatalidades mais humanas, que quando eu tomo qualquer tipo de coragem insana na espera que teus sonhos não machuquem a tua realidade é pra que me entornes prazer por todos os poros abertos de nossas delícias. e o vento não é mais cruel com o amanhecer no ápice de conflito que sinto o movimento do teu corpo quente na minha luminosidade inoperante, e apenas te estendo o cobertor enquanto você relaxa e eu digo pela trigésima vez que te amo. de um jeito tão calado que é quase como se eu não tivesse dito, e tão representativo como se eu nem precisasse falar. confesso que me dói a tua imagem tão inexorávelmente sublime, que diante dela só me resta a contemplação de um ideal voraz que nutre em minha mente as fomes mais insaciáveis e em troca dele tu me ofertas teu ombro suado de tanto percorrer os meus jardins, me deito, com a certeza do meu caos, e do nosso bonito estranho confuso eterno amor... é você meu menino, eu sei que era pra ser você!
Desprender
É chegada a hora.Desprender à si. Deixar a roupa ir embora com a areia, lavar a alma do corpo; deixar romper, andar pela simples motivação do dia quente, sem invasões de pensamentos bárbaros. Sem aquela nostalgia que inventamos, apenas deixar ser. Porque as folhas daquela árvore que se derrama pela calçada pode ser toda a minha razão e todo o meu começo. Façam as malas meu signo mudou. De malas prontas parti pra sempre. Demorou, mas agora que decido não vou mais retroceder.
quinta-feira, 28 de junho de 2012
Me sinto viva
Eu que nunca soube assobiar, escrevo. Escrevo na vã tentativa frustrada de amenizar minhas verdades escusas. Escrevo como quem compõe um soneto, sem se preocupar com a rima insípida, escrevo. E assim tento controlar os demônios do meu existir, mas no fundo, sei que nutro, todos eles. Escrevo como quem corta o pulso, e inundo páginas inteiras de sangue, suor, e cada gota do meu sangue toma forma de palavra. É disso que eu vou morrer, chegará o dia em escreverei tanto que irei secar, vazia de sangue e moralidade. Pois certa de minha insanidade insolúvel de entender, morrerei inóspita de tudo o que amo. Por hora, continuo com pequenas navalhadas diárias. E mesmo quando dói, eu gosto de sangrar... Escrevo só, simplesmente, enfio o dedo na ferida, pois a cada momento que a caneta toca no papel, me corto, me sinto viva.
... faço novamente a minha transição, sem respeito nenhum a qualquer argumento vil, pela simples mutação arcaica que não cabe em mim mas que toma forma. vou moldando sem saber o ritmo que a lucidez opera, e mudo o sentido, engulo a direção, derrubo todos os sinais de trânsito que é pra te ver percorrer bonito sobre as minhas avenidas contidas em todos os frascos vazios que te representam tanto. e só me resta mergulhar na secura da alma revolta de sons, aceitar, mesmo que não seja em silêncio e que eu quebre todos os vidros que sustentam suas fraquezas tão nossas. ... insuportavelmente perfeito, mente todo dia uma rima pra mim. me dá um tapa na cara ou um beijo quente que é pra ver se o sono vem, só espiar se ele mora por aqui, ou se meus devaneios se partem em tantos que chegam a ser nenhum. e se dentro de tudo o que eu cuspo existe um eu, que corresponde a qualquer delírio que cheira forte entre o travesseiro e a cortina. ou a folha que seca com sabedoria pela madrugada que vomito na própria pele. grita! me sufoca com a ausência de cor no teu peito, mistura minhas tintas e tenta por favor me confundir, que entre todos os muros e porta-retratos existe um pincel. nunca fiz parte mesmo, e nunca perdi lágrima com isso. escrevo pra alimentar a angústia que me alimenta, e minto pra te ver sorrir, muito melhor que tuas rimas de nuvens bobas. melhor que a vontade de sentir você violando todas as minhas virtudes e me entregando ao lixo, pior que um nada. abusada de tuas vestes tão ressentidas com as minhas. devorada pela tua sede de mim, só de mim, que me cansa tanto que eu já não vivo sem...
quarta-feira, 27 de junho de 2012
Faz tanto tempo, querido. Eu te deixei aqui, só de mim. Não precisa me pedir para inventar uma máquina do tempo que me torne menos humana por dentro no sentido do que é real, calma, respira, eu nunca quero explicações; não percebes que meu sorriso não se ausentou das tuas páginas?! Desse branco que me rasura na fina espera da arte final. Pode rir! Com a glória que eu iria chegar aqui. Sabe, querido, eu dou risada as avessas. Quando a gente quer que alguém volte por completo, a gente constrói qualquer cousa. Os meses foram charme, que saudade dolorida que você me faz.
confundida com as minhas habilidades verborrágicas. eles estão ali. eu aqui. não tenho vontade de misturar-me. de virar uma coisa só. preciso do silencio do estômago. minhas pernas querem dar voltas..os olhos tentam dormir. onde mora a unificação das cousas? tenho dias de aprendizado..quietinhos. busco uma forma de resgatar minha essência familiar...ter o zelo que me escapa nas vozes. e como eu faço pra juntar meus pedaços que se espalharam por tantos cantos que eu não sei onde procuro...? talvez eu saiba...ignore respostas. o imperativo categórico é recomeçar..a primavera veio...e eu? fico aqui esperando mais uma? não. dizer não basta.. expressar, tão pouco. surpreendo-me com as diversidades...a simplicidade. eu precisei afastar-me de tudo pra perceber que tudo o que quero e sou é com elas. origens. eles. dá tempo de voltar? reconstruir...ser mais doce e menos eu? o coração de melão me diz sim... que a vida dá o tempo que a gente precisa. mas eu não acredito. prefiro o simples e feio. tenho que rasgar os tecidos pra ver a cor das linhas. vínculos? sangue? o eterno que não percebo... voltem pra mim.. o que eu to dizendo... vocês sempre estiveram aqui....
terça-feira, 26 de junho de 2012
Sinto a fragilidade humana pulsar sobre os meus olhos, me surpreendo. Mas nem tanto, eu sempre soube os riscos da vida e que senti-los não é uma opção. As flores precisam aprender seu lugar no jardim, e que são únicas de formas e jeitos. Ser flor não é defeito. E lá, na lua, eu tento ajudá-las. Não esperando qualquer retorno vil, quiçá por bondade, é que vim a terra com o intuito de prosperar o amor. E o faço de maneira inconsciente, tenho um mecanismo existencial que faz moradia em mim. E vez ou outra vem aquele meu esgotamento racional, a vontade demasiada de respirar, e sem conseguir, sorrio. Estou absorta das ignorâncias universais, sem paciência pra utopias astrológicas, estou cética, fria, e não tenho medo de mudanças. Minha alma é tão velha que a sabedoria se faz sempre presente, ignoro minha idade física, transcendental a todos os conceitos. Não vejo graça em brincar de amor, lugares cheios, sensos superficiais. Não tenho saco pra garotada, almejo tanto, analiso o sentir, e busco o equilíbrio entre todas as coisas.
O mérito da sensibilidade não está em sentir e sim em compreender o que nunca será passível de fazer sentido.
Instintos

segunda-feira, 25 de junho de 2012
Sua frase

É você que eu quero

Insana


Astronauta emocional
Mente acelerada

quinta-feira, 21 de junho de 2012
Ele e ela

A personagem

Ela

quarta-feira, 20 de junho de 2012
Desisti

terça-feira, 19 de junho de 2012
Anunciado
Vícios

Deixa viver

quinta-feira, 14 de junho de 2012
terça-feira, 12 de junho de 2012
Você

J`amor


sexta-feira, 8 de junho de 2012
Rasante

Dias

terça-feira, 5 de junho de 2012
Subverter

sábado, 2 de junho de 2012
Mais tempo
Já estivemos lá fora num dia como esse. Já passamos horas olhando o movimento do céu. Já fomos quase uma pessoa só. O sol da manhã já entrou de leve pelas frestas da janela do nosso quarto. Já sentimos tantas coisas comuns até o dia em que esquecemos um do outro e deixamos a vida nos desgastar naturalmente. De vez em quando nossos rostos ainda se encontram, de vez em quando as imagens do dia nos lembram do que hoje parece tão distante. O que faz uma marca como essa cicatrizar? Se é que é desejo de algum de nós que cicatrize.
Outro dia me peguei rodeada de algumas fotos, de algumas lembranças, rodeada dos dias vividos e de todos que imaginei. Daqueles possíveis reencontros tão desejados em algum momento que já não lembro quando. Me vi cercada de sentimentos que ainda não consegui afastar. E o que sinto agora? Vendo esses outros rostos que passam, ouvindo outras vozes, sentindo outras peles, o que ainda é possível preencher longe da memória?
Lembro da sua mão segurando a minha, lembro dos seus olhos, das suas gírias, do rosto, das lágrimas e sorrisos, dos cuidados, dos ciúmes, do sentimento que nunca fomos capazes de nomear. Só passamos um tempo nos desejando perto um do outro. Só passamos um tempo distante das certezas. Só passamos um tempo juntos. E foi, e quando lembro ainda é, uma das saudades mais fortes. Éramos tão diferentes. Continuamos tão diferentes. Mas de alguma forma, mesmo com o tempo que dizem que faz curar, você ainda se mantêm em mim.
A arte do disfarce
O tumulto, contraditoriamente, é o que mantêm a minha ordem. Será que alguém ainda não percebeu isso? Se alguém espera facilidade por aqui, que mude de rumo. Tenho alguns caminhos expostos... Setas reluzentes com as dúvidas, receios, constrangimentos [ os de agora e os que ainda vão surgir]. Se estagnar é o pior defeito já encontrei minha hora de mudar. Ou melhor, de soltar as paranóias reclusas, deixá-las viverem sem mim, e correr. Abraçar o mundo [metaforicamente, claro] e entregar, de fato, a alma pra liberdade que eu fico proclamando aos quatro ventos.
sexta-feira, 1 de junho de 2012
Lado
Em permanente encontro com o reflexo na intenção de deixar à mostra mais que o próprio rosto. Deixando fluir pelo sorriso, pelos olhos, pela voz toda a incoerência que lhe é própria. Não é preciso provar nada a mais ninguém, em minhas conversas aleatórias vou contando pro mundo, pra mim mesma os sentimentos mais fortes e mais confusos que alguém pode ter. Os dias vão indo, seguindo naturalmente, deixando as marcas anteriores pra trás... Em encontros com a memória consegue aprender. O tempo já encontra suas próprias barreiras, então, que os dias venham mais livres do que eu posso suportar.
Me olha
É com cuidado, com todo o cuidado. Ela pensa em cada palavra, planeja o tom de voz, a velocidade com que vai levando a conversa de um assunto trivial a uma confissão. Uma daquelas que estão explicitas. Fica imaginando o que faz alguém ser tão... tão inexplicavelmente... Como alguém é capaz de fingir... De omitir... tão bem.
Já faz algum tempo que perdeu essa fragilidade. Já faz algum tempo que aprendeu a desocupar o coração, o que for, das paranoias que se infiltram sem perceber. Já faz algum tempo que ela aceitou que para algumas coisas ninguém amadurece o suficiente. Aprendeu a aceitar o ridículo em que algumas situações lhe colocam, aprendeu isso no momento em que não precisou ser melhor ou pior que qualquer outra pessoa.
***
Quer voltar, seja pra que lugar for. Ela rasteja entre o sonho e a vida real. Fica esperando que alguma parte da vida se concretize. Não pode dizer que alguém a conhece. Não pode dizer que conhece alguém. Ela se limita a ficar parada, quieta num canto tentando observar detalhes à distância. Ela quer se ver no espelho, daqueles pequenos onde só se vê um pequeno recorte do rosto. Será que vale procurar tantos detalhes próprios? Ela quer se ver. Antes que qualquer um a veja.
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